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Delegados concluem inquérito da tragédia na Kiss

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Santa Maria - À 0h12 desta sexta-feira, todo o inquérito que investiga a tragédia na boate Kiss, que estava sendo montado na 1ª Delegacia de Polícia Civil (1ª DP), no centro de Santa Maria (RS), chegou à Delegacia Regional de Polícia Civil, na Rua Alberto Pasqualini. São mais de 13 mil páginas divididas em 25 volumes de inquérito e 24 volumes de anexos.

O inquérito foi levado para a Delegacia Regional, porque é lá onde estão reunidos os delegados responsáveis pela investigação – Marcelo Arigony, Sandro Meinerz, Marcos Vianna, Luisa Santos Sousa e Gabriel Zanella – para a conclusão do relatório final, que tem cerca de 150 páginas. A expectativa é que os policiais fiquem trabalhando até as primeiras horas da manhã. O relatório final será anexado ao inquérito que foi levado para a Delegacia Regional.

Nesta sexta-feira, às 14h, o inquérito será entregue na 1ª Vara Criminal de Santa Maria, no Fórum. Meia hora depois, os delegados farão uma apresentação à imprensa sobre a conclusão das investigações, no anfiteatro Flávio Miguel Schneider, do Centro de Ciências Rurais da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no campus, localizado na zona leste da cidade. A conclusão do inquérito ocorre 55 dias depois da tragédia que matou 241 pessoas e deixou centenas de feridos.

Incêndio na Boate Kiss

Na madrugada do dia 27 de janeiro, um incêndio deixou 241 mortos em Santa Maria (RS). O fogo na Boate Kiss começou por volta das 2h30, quando um integrante da banda que fazia show na festa universitária lançou um artefato pirotécnico, que atingiu a espuma altamente inflamável do teto da boate.

Com apenas uma porta de entrada e saída disponível, os jovens tiveram dificuldade para deixar o local. Muitos foram pisoteados. A maioria dos mortos foi asfixiada pela fumaça tóxica, contendo cianeto, liberada pela queima da espuma.

Os mortos foram velados no Centro Desportivo Municipal, e a prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias. A presidente Dilma Rousseff interrompeu uma viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde prestou solidariedade aos parentes dos mortos.

Os feridos graves foram divididos em hospitais de Santa Maria e da região metropolitana de Porto Alegre, para onde foram levados com apoio de helicópteros da FAB (Força Aérea Brasileira). O Ministério da Saúde, com apoio dos governos estadual e municipais, criou uma grande operação de atendimento às vítimas. 

Quatro pessoas foram presas temporariamente - dois sócios da boate, Elissandro Callegaro Spohr, conhecido como Kiko, e Mauro Hoffmann, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Augusto Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos. Enquanto a Polícia Civil investiga documentos e alvarás, a prefeitura e o Corpo de Bombeiros divergem sobre a responsabilidade de fiscalização da casa noturna.

A tragédia fez com que várias cidades do País realizassem varreduras em boates contra falhas de segurança, e vários estabelecimentos foram fechados. Mais de 20 municípios do Rio Grande do Sul cancelaram a programação de Carnaval devido ao incêndio.

No dia 25 de fevereiro, foi criada a Associação dos Pais e Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia da Boate Kiss em Santa Maria. A intenção é oferecer amparo psicológico a todas as famílias, lutar por ações de fiscalização e mudança de leis, acompanhar o inquérito policial e não deixar a tragédia cair no esquecimento.