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STJ nega habeas-corpus a ex-líder comunitário da Rocinha

William de Oliveira foi preso em dezembro de 2011

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O Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou, nesta terça-feira, dois pedidos de habeas-corpus para o ex-líder comunitário da Rocinha, William de Oliveira, conhecido como William da Rocinha, e Alexandre Leopoldino da Silva, o Perninha. A dupla foi presa em dezembro de 2011, após aparecer em um vídeo supostamente negociando a venda de um fuzil para o traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem.

Acusados de porte de armas e associação para o tráfico, William e Alexandre foram presos com base em um vídeo divulgado pela Polícia Civil em dezembro do ano passado, no qual o líder comunitário aparece contando dinheiro recebido de Nem, acompanhado de Perninha, que empunhava um fuzil. Ontem, em depoimento à Justiça, Flávio Henrique Moreira de Lima Casser disse ter sido obrigado por um rival de William a editar o vídeo, de forma que o ex-líder comunitário fosse incriminado.

Os dois habeas-corpus foram analisados pela 6ª Turma do STJ, tendo como relator, em ambos os casos, o ministro Og Fernandes. O primeiro pedido de liberdade analisado foi impetrado em defesa de William e Alexandre, e questionava a legalidade da prisão preventiva da dupla. Por 4 votos a 1, o colegiado entendeu que era válida a fundamentação da prisão, baseada na periculosidade da dupla.

O segundo habeas-corpus foi impetrado em favor apenas de William da Rocinha, e também questionava a legalidade da prisão preventiva do acusado, desta vez argumentando quanto a um possível desrespeito dos prazos legais. Por unanimidade, a 6ª Turma não reconheceu excesso de prazo e negou o pedido da defesa.

Testemunha diz ter forjado vídeo

O depoimento da testemunha ouvida na segunda-feira pode provocar uma reviravolta no caso. Flávio Henrique Moreira disse que o autor das imagens é o também líder comunitário Vanderlan Barros de Oliveira, o Feijão, morto em março. Flávio contou que Feijão fez a gravação sem o consentimento de Nem e obrigou-o a editar o material. "A intenção, o tempo todo falando 'quero ver agora ele se safar dessa', era prejudicar o William", disse a testemunha.

Segundo Flávio, o fuzil que supostamente estaria sendo vendido já estava no local antes de William e Alexandre chegarem. A Polícia Civil afirmou já saber que o vídeo havia sido editado, mas ressalvou que, mesmo que não se confirme a suspeita de venda de arma, o ex-líder comunitário cometeu outro crime ao aceitar o dinheiro do tráfico e gastá-lo.