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Lavanderia de Cachoeira pagou mansão de Perillo e deu verba para Nercessian

Delta repassou R$ 47 milhões à fantasma Adécio & Rafael Construção e Terraplanagem 

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Uma nova “lavanderia” do dinheiro sujo do esquema montado pelo contraventor Carlinhos Cachoeira em conjunto com a Delta Construções veio à tona com a análise das quebras de sigilo feitas pela CPMI que investiga as práticas criminosas desvendadas pelas operações "Vegas" e "Monte Carlo", da Polícia Federal, a CPMI do Carlinhos Cachoeira.

Através da empresa de fachada Adécio & Rafael Construção e Terraplanagem o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) descobriu pagamentos para o deputado federal Stepan Nercessian (PPS-RJ), para o prefeito de Palmas, Raul Filho, para o ex-presidente do Clube de Diretores dos Lojistas de Goiânia, Jacinto Lúcio Borges, e até a confirmação da compra, pelo contraventor Cachoeira, da mansão do governador Marconi Perillo, de Goiás.

Nas análises dos documentos gerados pelas novas quebras de sigilo, porém, surgiu esta empresa fantasma que, entre 2010 a fevereiro passado, recebeu R$ 37 milhões da Delta Construtoras, sem que prestasse qualquer serviço à mesma. “É a principal peça de engrenagem da lavagem de dinheiro do esquema” concluiu o senador Randolfe.

Até então se apontava a empresa fantasma Alberto & Pantoja Construções e Transportes como o principal instrumento de lavagem do dinheiro sujo do esquema criminoso. Afinal, em pouco mais de dois anos, ela recebeu R$ 31 milhões da Delta e repassou esta verba a terceiros.

Os novos documentos mostraram que a Adécio & Rafael recebeu mais verba ainda. Fora R$ 37 milhões entre os anos de 2010 e fevereiro de 2012, tudo repassado pela Delta Construções, apesar de não constar nenhum serviço prestado à mesma.

O “dono” da empresa, no entendimento do senador, “não é um simples laranja como se pensava, mas um agente entrosado no esquema. Foram identificados 227 saques com cheque em seu nome (Adécio Conceição), os quais totalizam a vultosa soma de R$ 14.998.974,59. É uma relação de muita confiança semelhante ao contador Geovani”.

Geovani Pereira da Silva, de 45 anos, segundo a denúncia do Ministério Público Federal, recebeu dinheiro arrecadado do jogo ilegal e fez pagamentos da organização. Por ele passaram bilhões de reais.

Os novos dados, a serem levados à CPMI que recomeça seus trabalhos nesta terça-feira (09/10), sem dúvida complicarão a vida de muitos, entre os quais Nercessian e Perillo. No caso de Nercessian, foram descobertos dois depósitos: um de R$18 mil e outro de R$ 15 mil, ambos em 2011.

Nercessian já havia sido acusado de receber R$ 175 mil em dois repasses de Cachoeira, de quem se considera amigo. O primeiro de R$ 160 mil que teria sido um empréstimo para a compra de uma casa e outro de R$ 15 mil para a compra de um camarote no Sambódromo. Recentemente, o ministro Ricardo Lewandowski arquivou um inquérito que investigava o parlamentar do PPS, atendendo a pedido do procurador-geral da República, que não identificou o cometimento de qualquer crime pelo deputado. 

Batom na cueca

Da quebra de sigilo da Adécio & Rafael, como já citou o blog de Luís Nassif  surgiu a prova definitiva de que a mansão do governador Perillo, no condomínio Alphaville, foi realmente comprada pelo o contraventor Carlinhos Cachoeira. “É batom na cueca”, resume o senador do Amapá.

Perillo alega que vendeu a casa para Walter Paulo Santiago. Este teria feito o pagamento com cheques da empresa Excitante Indústria e Comércio de Confecções Ltda. que totalizaram o R$ 1,4 milhão acertado. Ocorre que, como demonstrada pela quebra de sigilo, os pagamentos saíram da conta da empresa Excitante após a Adécio & Rangel transferir para a mesma os valores que recebera da Delta Construções.

Assim, segundo Randolfe, no dia 1 de março de 2011 houve uma transferência de R$ 250 mil da Adécio & Rangel para a Excitante, no dia 2 foram transferidos mais R$ 250 mil e outra parcela idêntica em 31 de março.  Nas mesmas datas foram emitidos os cheques que pagaram a mansão vendida por Perillo.

Propinas em Palmas (TO)

Na quebra de sigilo surgem também os depósitos para Rosilda Rodrigues dos Santos. Pelo que a CPMI já levantou, trata-se, segundo o senador do Amapá, “da pessoa que recebeu a propina da empresa Delta para grupo do prefeito de Palmas, Raul Filho”. O novo depósito, de R$ 100 mil, foi feito em 15 de fevereiro de 2012.

Ainda na cidade de palmas aparece uma nova empresa recebendo dinheiro do esquema do contraventor. Foi a WTE Engenharia que recebeu através da Adécio & Rangel um depósito de R$ 316,8 mil, em 13 de dezembro de 2010. Para o senador Randolfe Rodrigues, este dinheiro tanto pode ser “ação vinculada à prefeitura da cidade ou ao esquema do empresário Rossine Guimarães, empresário ligado a Cachoeira”.

Um novo personagem na trama do esquema Cachoeira surgiu na análise desta documentação. Segundo dados levantados pela equipe do senador do PSOL, “foram identificados vinte repasses que somados totalizam R$ 2.225.000,00 para Jacinto Lúcio Borges. Trata-se do ex-presidente do Clube Diretores dos Lojistas (CDL) de Goiás e um dos donos da Trend Tudo. É uma clara evidência de lavagem de dinheiro, conforme modus operandi identificado pela Polícia Federal (PF)”.