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PT espera João Paulo Cunha "tomar iniciativa" sobre renúncia 

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O presidente do PT de Osasco, João Góes, disse na noite desta quarta-feira que ainda não falou com João Paulo Cunha, candidato do partido à prefeitura da cidade, depois que a maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, no julgamento do mensalão, que ele é culpado pelos crimes de corrupção passiva e peculato, cometidos na época em que era presidente da Câmara dos Deputados. Mas, em respeito ao candidato, ele afirmou que espera que o próprio ex-deputado "tome a iniciativa" de decidir se vai desistir da candidatura ou não.

"Não falei com ele ainda. Não quis ligar porque o cara deve estar com a cabeça a milhão. O único nome em que havia um consenso (para a disputa do cargo de prefeito) era o do João Paulo. Ele não foi absolvido como nós esperávamos, então estou aguardando ele tomar a iniciativa (sobre a decisão)", explicou.

Embora esteja formada a maioria no Supremo, o ainda candidato não pode ser considerado condenado até a proclamação do resultado. No entanto, João Góes já fala em tom de renúncia. "Eu sei que ele é responsável e quer o bem de Osasco", disse sobre a possibilidade de Cunha desistir da disputa.

No comitê de João Paulo Cunha, o clima é o mesmo. Pouco tempo depois da decisão sair, as portas do local foram abaixadas e as luzes apagadas. Em seguida, os últimos quatro funcionários da campanha deixaram o estabelecimento, sem falar com a reportagem do Terra. Uma das contratadas da campanha apenas negou que o candidato estivesse no comitê.

Entenda

Cunha é acusado de receber R$ 50 mil da agência de publicidade SMP&B, de Marcos Valério, para favorecer a empresa em um processo de licitação na Câmara. Os crimes atribuídos a ele antecedem as denúncias do mensalão, mas teriam contribuído para abastecer o grupo de Marcos Valério, apontado como operador dos repasses da mesada aos parlamentares. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), o parlamentar mandou a mulher dele, Maria Regina Cunha, à agência do Banco Rural no Brasília Shopping em 2003 para sacar a quantia de R$ 50 mil, repassados pela SMP&B.

A defesa do deputado diz que o dinheiro fora repassado pelo PT para o pagamento de pesquisas pré-eleitorais na região de Osasco (SP), referentes à eleição municipal de 2004, e que o dinheiro não teria sido contabilizado.

Pela condenação de Cunha, votaram os ministros Joaquim Barbosa, Rosa Weber, Luiz Fux, Carmen Lúcia, Cezar Peluso e Gilmar Mendes. O revisor Ricardo Lewandowski e o ministro Dias Toffoli absolveram o parlamentar de todas as acusações.