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MA: deputado pode ser expulso do PT por discordar de aliança com PMDB  

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Por não concordar com a coligação do PT com o PMDB nas eleições à prefeitura de São Luis (MA) o deputado estadual petista Ubirajara do Pindaré, conhecido como Bira do Pindaré, poderá ser expulso do partido. A possibilidade será discutida pelo diretório municipal do PT. O parlamentar critica a aliança por causa da estreita ligação do PMDB local com o senador José Sarney (PMDB-AP).

Para Bira, apesar de fazer parte da base de apoio do governo federal, a coligação com o partido no Maranhão possui uma característica própria, que não pode ser generalizada. Segundo ele, no Estado, a legenda representa o "clã Sarney", uma "oligarquia enraizada" na política local, com a qual ele sempre foi contrário.

Derrotado em maio nas prévias do partido para o atual vice-governador do Maranhão, Washington Oliveira, o deputado afirma que a escolha do pré-candidato pelo PT teve participação de José Sarney. "As conversas eram para que eu fosse lançado candidato, inclusive porque eu estava melhor nas pesquisas. (A escolha de Washington) Foi uma escolha de Sarney, acima de uma escolha do próprio partido", afirma Ubirajara.

Segundo o deputado, a ideia inicial do PT era lançá-lo como candidato na capital maranhense, mas, após uma reunião de José Sarney com membros da cúpula petista no Estado, o nome de Washington foi escolhido. "Foi uma intervenção de forças externas no PT", alega o deputado.

"Não aceito mordaça"

Mesmo após uma reunião, que durou cerca de três horas, do diretório municipal, em que sua expulsão foi discutida, Ubirajara não se diz intimidado. "Essa é uma tentativa frustrada de intimidação. Não vou aceitar mordaça. A definição do partido não me proíbe de ter opinião própria".

Ubirajara afirma que as acusações de que estaria apoiando outros candidatos são falsas, e que seu problema não é com a escolha do PT em não tê-lo como candidato, e sim de lançar um candidato ligado e escolhido por Sarney.

Particularidades

Segundo o deputado, os partidos deveriam relativizar os apoios feitos em nível nacional e pensar as especificidades locais, para que episódios como a coligação com o PP de Paulo Maluf em São Paulo e com o PMDB, ligado a família Sarney, no Maranhão, não gerem crises internas dentro do PT. "Há hoje uma grande centralização. O Brasil é muito grande para se fazer política dessa forma. Em cada local há uma especificidade que precisa ser vista", diz.

Apesar do impasse, o deputado não pretende se desfilhar do PT, mas não nega a possibilidade. "Apesar do partido ter tomado essa decisão, não saio. O PT não é propriedade de ninguém; nem de Lula, nem de Sarney, de ninguém. Tenho 20 anos dentro do partido, ajudei a fundá-lo, e não gostaria de sair. Mas, temos de ver o que pode acontecer", afirmou.

Terra procurou o presidente municipal do PT em São Luís, Fernando Silva, mas ele não foi localizado.