A Prefeitura de Curitiba isolou ruas, colocou todo o efetivo de orientadores de trânsito para trabalhar, dobrou a frota e a frequência dos ônibus, mas não foi suficiente para evitar que alguns candidatos da cidade perdessem o horário da prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
No campus da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, maior local de provas, que recebeu 13 mil candidatos, pelo menos 10 pessoas chegaram após o fechamento dos portões e não puderam fazer a prova.
Foi o caso do estudante Erick Castro, 19 anos, que chegou segundos após o fechamento dos portões. "Sofri um acidente, caí da moto, fui para o hospital. Estou aqui com o atestado, saí do hospital às 12h30, vim o mais rápido que pude, mas não foi suficiente", lamentou, após não conseguir convencer o fiscal a liberá-lo. Daniela Castro, 28 anos, não conteve as lágrimas ao se deparar com o portão fechado. "Moro no Uberaba (bairro afastado da capital paranaense), tive que pegar três ônibus para chegar aqui. Saí de casa 11h30, mas não deu", contou. Ela precisava da nota do Enem para concluir o Ensino Médio. "Nem sei o que vou fazer agora", disse.
Antes da prova
Para quem chegou cedo, difícil era controlar a ansiedade antes do início da prova. Daniel Neves, 17, aproveitou os minutos antes da prova para dar uma revisada final no conteúdo. "Tem que aproveitar qualquer momento, vai que cai alguma questão bem sobre o que estou lendo agora", disse. Já Daniel Felipak, 17, preferiu relaxar. Levou um "Cubo Mágico" para a sala de provas e passou a quase uma hora em que teve de aguardar para iniciar o exame tentando montar o quebra-cabeças de cores.
"É um jeito de não ficar nervosos e ver se o tempo passa mais rápido", disse o estudante, que pretende utilizar a nota do Enem para ingressar no curso de Química da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, que, neste ano, substitui seu vestibular pelo Sistema de Seleção Unificado (Sisu), que considera exclusivamente a nota do Enem. "Ë uma boa porque diminui a maratona de provas. Mas pode ser ruim também, por nivelar por baixo, já que o vestibular da UTFPR era tido sempre como um dos mais difíceis", avaliou.
Essa também é a opinião de Carolina Bacila, 18, que quer cursar Design de Produto na UTFPR. "A prova da UTFPR era melhor elaborada, mais específica para a área de interesse do candidato". Por isso, sua amiga, Nathalia Parreira, 19, acha melhor a fórmula adotada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), que usa a nota do Enem com peso de 10% em seu vestibular. "Seleciona melhor, teremos a prova específica lá. Ruim é a maratona de provas, já que daqui a três semanas tem tudo de novo. Mas sabemos que esse ano ia ser assim, estamos estudando o ano inteiro para prestar essas provas", comentou. Ela vai fazer vestibular para Medicina Veterinária na UFPR.
Daniela Matias, 15, que faz a prova como "treineira", também prefere o modelo adotado pela UFPR, "a prova do Enem ainda é muito básica", disse. "O Enem ainda não é confiável para ser a única forma de ingresso na universidade, é só lembrar os problemas do ano passado", completou Carolina da Silva, 17. Seu amigo Diego Dalla Martha discorda. "É uma prova única para o Brasil inteiro, isso é bom. Além disso, com o Enem poderemos nos qualificar para vagas em universidades fora do Estado se for o caso".
Os únicos problemas registrados em Curitiba, até agora, foram os atrasos, pessoas que erraram o local de provas e adventistas que não optaram por realizar a prova à noite no ato da inscrição e tentaram, sem sucesso, fazer essa opção na entrada para a prova.
Recorde de inscritos
Mais de 5 milhões de candidatos deverão comparecer neste fim de semana às 150 mil salas de prova para participar da maior edição do Enem desde a sua criação, em 1998. As provas terão início às 13h (horário de Brasília). No sábado, os candidatos responderão a questões de Ciências Humanas e da Natureza. Já no domingo, de Matemática e Língua Portuguesa, além da redação.
A partir do resultado da prova do Enem, os alunos se inscrevem no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e podem pleitear vagas em instituições públicas de todo o País. A participação no Enem também é pré-requisito para os estudantes interessados em uma bolsa do Programa Universidade para Todos (ProUni). Os benefícios são distribuídos a partir do desempenho do candidato no exame e podem ser integrais ou parciais, dependendo da renda da família. Para participar do programa é preciso ter cursado todo o Ensino Médio na rede pública.
Em 2012 a prova terá duas edições, uma no primeiro semestre e outra no segundo. A primeira edição do ano que vem já está confirmada para os dias 28 e 29 de abril. A data da segunda edição ainda não foi definida em função das eleições municipais, que ocorrerão em outubro, mês de aplicação do Enem 2011.