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Manifestantes desafiam proibição da Justiça e mantêm concentração de Marcha da Liberdade

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SÃO PAULO - A decisão da Justiça de São Paulo de proibir a Marcha da Liberdade, prevista para este sábado (28), na Avenida Paulista, provocou a revolta dos organizadores da manifestação. Mesmo diante do veto, eles anunciaram que a concentração no vão do Masp está mantida para as 14h. A Marcha da Liberdade, conforme os responsáveis pelo protesto, é uma resposta à "violenta repressão à Marcha da Maconha, no último dia 21", também proibida pela Justiça.

Em nota, eles repudiaram a decisão e não pouparam o Ministério Público e o Tribunal de Justiça do Estado de críticas, afirmando que as duas instituições "mais uma vez mostram que pararam em algum lugar entre 1964 e 1985", numa alusão à Ditadura Militar.

- Impedir o exercício da livre expressão dos indivíduos significa retirar dos cidadãos o controle e o poder de decisão sobre os assuntos públicos - disseram.

Eles foram informados do veto na noite de sexta-feira (27). O responsável pela decisão, o desembargador Paulo Rossi, da 2ª Câmara de Direito Criminal do TJ-SP, alegou que o ato seria uma Marcha da Maconha com outro nome.

- Eis que o movimento é surpreendido na noite desta sexta-feira por mais uma absurda proibição impetrada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, sem que haja tempo para defesa pelas vias legais. A Marcha da Liberdade, que tem site oficial com diversos comunicados e lista das entidades que a compõem e apoiam, foi acusada de ser a Marcha da Maconha sob outro nome e proibida sob a acusação de apologia ao crime, em clara violação não só ao artigo 5º da Constituição como ao próprio conceito de democracia que supostamente existe nesse país.

Para Gabriela Moncau, organizadora da Marcha, o anúncio da decisão no apagar das luzes foi "vergonhoso". - É uma prova de que eles sabiam que o fundamentação deles era fraca. Sabiam que, se recorrêssemos, ganharíamos judicialmente - afirma, explicando o porquê de não suspender a concentração no vão do Masp: - Mantemos a concentração para que possamos decidir coletivamente o que fazer. Vamos ver como ficará o clima, como se comportará a polícia.

Outro motivo que despertou a indignação dos organizadores foi o fato de a manifestação ter sido discutida em reunião "que acordou a realização da Marcha com a Polícia Militar na quinta-feira(26), com presença de diferentes setores do poder público".

- Para a infelicidade dos promotores e desembargadores responsáveis pelo mandado de segurança, o movimento político que se constituiu em torno da Marcha da Liberdade é forte, e não silenciará sua revolta - cada vez mais justificada - frente ao cerceamento das liberdades por parte do poder público - avisa a nota.