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Deputados suspeitos de corrupção 'visitam' Assembléia de Alagoas

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Portal Terra

MACEIÓ - Deputados estaduais afastados dos cargos por ordem judicial e suspeitos, pela Polícia Federal, de desviar R$ 300 milhões da folha de pagamento da Assembléia Legislativa, voltaram nesta quinta-feira à Casa para, segundo eles, fazer uma 'visita'. Eles querem que a Mesa Diretora emposse os afastados nos cargos porque na quarta-feira o presidente da Assembléia, deputado Fernando Toledo (PSDB), afastou os suplentes das funções.

- Estamos na nossa Casa, somos deputados estaduais, estamos discutindo todo este imbróglio - disse Isnaldo Bulhões Júnior (PMN), afastado da função. Ele e os deputados afastados Cícero Ferro (PMN) e Arthur Lira (PMN), além dos titulares dos cargos Carlos Cavalcante (PT do B), Marcelo Victor (PTB), Ricardo Nezinho (PT do B) e Sérgio Toledo (PMN), estiveram reunidos durante toda a manhã, a portas fechadas.

Lira pediu "respeito" e determinou a retirada de jornalistas do gabinete de um dos parlamentares. Bulhões disse que há duas semanas o ministro Gilmar Mendes determinou o retorno dos parlamentares afastados dos cargos e defendeu o cumprimento da decisão. - Existe uma decisão do Supremo Tribunal Federal sobre este assunto - resumiu.

O juiz da 16ª Vara Cível da capital, Gustavo Souza Lima, ameaçou prender o presidente da Assembléia caso ele siga a determinação do ministro Gilmar Mendes. Gustavo Souza alega que há outra decisão judicial dele, que não foi cassada por Mendes, e que determina o afastamento dos deputados dos cargos.

- Em Alagoas, algumas autoridades, sobretudo deputados estaduais, não aceitam de forma alguma serem fiscalizados pelo Ministério Público. Eles agem com base em procedimentos ultrapassados, onde predomina a arrogância e o apego que eles têm ao patrimônio do povo. E que não pertence a eles - disse o chefe do Ministério Público de Alagoas, Eduardo Tavares Mendes, que já ingressou com três ações por improbidade administrativa contra os parlamentares em janeiro. - A corrupção é um câncer que vamos acabar em Alagoas - declarou.

Os deputados afastados, segundo a Polícia Federal, criaram uma quadrilha, liderada pelo presidente do Legislativo, deputado Antônio Albuquerque (sem partido), também afastado do cargo, e que teria desviado, em cinco anos, R$ 300 milhões. O esquema teria a participação de bancos, funcionários fantasmas, laranjas, prefeitos e vereadores e bancaria até as eleições no Estado, com suposta compra de votos.