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MANAUS - Os presidentes de Brasil e Venezuela colocaram fim na quinta-feira ao distanciamento entre ambos que já durava meses, ao anunciarem a assinatura de acordos energéticos e o compromisso para concretizar a integração venezuelana ao Mercosul.
Luiz Inácio Lula da Silva e Hugo Chávez, após uma longa reunião em Manaus, disseram que as petrolíferas estatais Petrobras e PDVSA assinarão em dezembro um acordo que criará duas sociedades mistas para a construção e operação de uma refinaria em Pernambuco e de um projeto de extração de petróleo na Venezuela.
- É o projeto simétrico da grande refinaria de Pernambuco, em que a Petrobras terá 60 por cento e a PDVSA 40 por cento e lá no Orinoco a PDVSA terá 60 (por cento) e a Petrobras 40 - disse Chávez em discurso ao final do encontro.
- (Serão criadas) duas empresas mistas entre PDVSA e Petrobras. Mostramos à América do Sul que é possível resolver problemas energéticos - disse Lula.
Na Venezuela, a empresa conjunta com maioria acionária da PDVSA extrairá petróleo em Carabobo, na Faixa de Orinoco. No Brasil, outra sociedade entre as duas estatais, com maioria da Petrobras, construirá e operará a partir de 2010 a refinaria Abreu de Lima, em Pernambuco.
As negociações para iniciar esses projetos estavam paralisados, depois que Chávez disse estar envergonhado pela demora nas obras. A Petrobras iniciou a construção da refinaria, que terá capacidade de processar 200 mil barris de petróleo por dia, sem a participação da PDVSA.
Lula disse que voltará a se reunir com Chávez em 12 de dezembro em Caracas para assinar esses compromissos.
Na reunião de Manaus, participaram os presidentes da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, e da PDVSA, Rafael Ramírez, que também é ministro de Minas e Energia da Venezuela.
Ao comentar as desavenças surgidas anteriormente entre as estatais, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse que tratam-se 'de duas grandes empresas, que são como grandes equipes de futebol, têm suas rivalidades'.
GASODUTO DO SUL
Lula e Chávez também anunciaram que encarregaram a Petrobras e a PDVSA da contratação de um projeto de engenharia para estudar uma forma de concretizar o chamado Gasoduto do Sul, um projeto gigantesco de cerca de 20 bilhões de dólares para levar gás a grande parte da América do Sul.
O gasoduto teria em torno de 8 mil quilômetros de extensão para unir as fontes de gás da Venezuela às da Argentina.
O gasoduto, que especialistas consideram 'irreal', servirá 'para nos blindarmos contra a crise energética', disse o presidente venezuelano, que também ratificou 'a vontade da Venezuela' de ingressar no Mercosul, bloco formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.
A adesão plena da Venezuela depende, no entanto, da aprovação pelo Congresso brasileiro, que entrou em atrito com Chávez, que acusou senadores brasileiros de serem porta-vozes dos interesses dos Estados Unidos.
Lula disse ao colega que seu governo está trabalhando para obter a aprovação da adesão da Venezuela ao Mercosul e Amorim acrescentou que este processo deve ser concluído até dezembro.