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Oposição quer investigar parentes de Lula na CPI da Navalha

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REUTERS

BRASÍLIA - A oposição na Câmara já avalia que não conseguirá reunir apoio suficiente a uma CPI exclusiva para investigar o irmão e o compadre do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acusados de ligação com a chamada máfia dos caça-níqueis. Diante da dificuldade política, a idéia é apurar eventuais irregularidades na CPI da Navalha, ainda pendente de criação.

- Não temos condições de dispersar. Precisamos de foco. Estamos há três semanas tentando viabilizar a CPI da Navalha. Acho que devemos colocar todos os esforços nisso. Se conseguirmos criá-la, naturalmente poderemos chegar no Dario e no Vavá -disse à Reuters o líder do Democratas, deputado Onyx Lorenzoni (RS), referindo-se, respectivamente, ao compadre do presidente, o petista Dario Morelli, e ao irmão mais velho de Lula, Genival Inácio da Silva, o Vavá. Ambos são investigados pela Polícia Federal na Operação Xeque-Mate sobre a exploração de máquinas caça-níqueis e corrupção. Dario Morelli foi preso e é suspeito de envolvimento direto no esquema. Vavá foi indiciado por suposta prática de tráfico de influência.

Apesar de ser um prato cheio às disputas políticas, a oposição não vê muitas brechas para impor derrotas ao presidente no Congresso. Na Câmara, o governo conta com maioria absoluta. No Senado, a correlação é mais equilibrada, e depende do humor das bancadas aliadas na Casa.

- A operação Navalha é muito mais abrangente, avança sobre lobby e contratos públicos. Há lógica em criar um braço para investigar ilícitos descobertos na Operação Xeque-Mate - acrescentou Onyx.

Semana passada, parlamentares obtiveram número mínimo de assinaturas para abrir a CPI mista com objetivo de investigar fraudes em licitações públicas evidenciadas na Operação Navalha, da Polícia Federal, mas não formalizaram o pedido de investigação. Havia o temor de que o Planalto organizasse uma operação para retirar alguns dos apoios. O deputado Júlio Delgado (PSB-MG), responsável pela coleta das rubricas, resolveu adiar a apresentação oficial da lista para a próxima terça-feira.

- Se com esta da Navalha nós estamos tendo algumas dificuldades, imagine com a outra. Não temos condição de recolher assinaturas para a CPI Xeque Mate, mas podemos tratar do Vavá e do Dario na CPI da Navalha - disse o deputado.

Formalmente, Delgado faz parte da base governista, mas é considerado oposicionista pelo governo. Além das 172 assinaturas (uma a mais que o mínimo regimental) já conquistadas, ele conta com outras cinco ou seis promessas de adesão. O Senado já arrecadou 29 assinaturas, duas a mais que o necessário.