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Rio vai ter operação de guerra contra a dengue

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Tina Vieira, Agência JB

TINA VIEIRA - O governo federal está montando uma operação de guerra sanitária para tentar impedir uma epidemia de dengue no Rio, com potencial para agravar-se durante os Jogos Pan-americanos. Sede do evento, a cidade do Rio de Janeiro apresenta hoje um quadro de infestação alarmante: seis em cada 100 casas apresentam focos do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue. O ideal seria menos de uma casa em cada grupo de cem. O índice registrado no Rio de Janeiro aponta risco de surto da doença. Em todo o Estado, há pelo menos 70 cidades com índice de infestação acima do tolerável.

A partir de segunda-feira, 600 agentes de saúde desembarcarão na cidade para se juntar a outros 400 que já estão em ação. A missão deles é intensificar a fiscalização e eliminar os focos encontrados. No começo de abril, um novo levantamento de infestação será realizado no Estado para traçar um mapa mais preciso das principais áreas de risco. O governo também vai estender até os jogos as campanhas publicitárias "Pan Sem Dengue".

Outro agravante está contribuindo para deixar o Ministério da Saúde em estado de alerta: o perigo de entrada no país, durante os jogos, de um novo vírus da doença, o chamado sorotipo 4, cuja ocorrência já foi registrada em países da América Central que participarão do Pan. Se este vírus entrar no Brasil, a chance de a doença se propagar rapidamente aumenta e a gravidade com que atingirá a população é bem maior.

- É claro que estamos preocupados com a imagem do país, que é candidato a sediar outros eventos como a Copa do Mundo, mas nosso maior receio é com a saúde da população - explica Fabiano Pimenta, diretor técnico da Secretaria de Vigilância e Saúde do ministério.

Segundo Pimenta, no Brasil já foi registrada a ocorrência de três tipos de vírus da dengue. A cada vírus novo, a incidência de dengue hemorrágica aumenta, assim como o número de óbitos.

Na guerra contra a dengue, não basta a ação do Estado. A contribuição da população é fundamental. Um dos maiores problemas que os agentes de saúde têm encontrado no Rio de Janeiro é a má vontade dos moradores que, muitas vezes, não autorizam a visita da fiscalização. Segundo o ministério, os agentes de saúde não conseguem ter acesso a 20% das residências.

Nas visitas, além de identificar os focos de mosquitos, os agentes dão dicas importantes de prevenção aos moradores e ainda fazem a aplicação do biolarvicida, um produto que ajuda a eliminar as larvas dos mosquitos, e, quando é necessário, utilizam o fumacê.

- O trabalho dos agentes é fundamental para reduzir a incidência da doença. A primeira contribuição que a população pode dar é exigir desses agentes uma fiscalização detalhada - explica Fabiano Pimenta.

É nos bairros nobres que os fiscais de saúde enfrentam os maiores problema. Dos 13 bairros cariocas com índice de infestação elevado, nove ficam na Zona Sul. Em Copacabana, de cada 100 casas, sete tinham focos do mosquito. Em Ipanema, o índice é ainda maior: 17 em cada grupo de 100 casas. Nos dois bairros, há risco de surto da doença.

O maior índice de infestação, no entanto, está em Rocha Miranda, bairro da Zona Norte, onde há focos do mosquitos em 23 casas de cada 100 visitadas.

O levantamento feito pelo Ministério da Saúde também identificou que pratos colocados embaixo dos vasos de planta são os focos mais comuns do mosquito nas áreas nobres da cidade. A população resiste à idéia de colocar areia nos pratos, uma medida simples que reduz significativamente a infestação.