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Wagner assume com a missão de impedir a volta do carlismo

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Maurício Savarese, Reuters

BRASÍLIA - Quando Waldir Pires, hoje ministro, elegeu-se governador baiano frente ao candidato do senador Antônio Carlos Magalhães em 1986, esperava-se o fim da hegemonia iniciada 25 anos antes. Logo na votação seguinte, voltou o carlismo, que entrou o século 21. Sob essa sombra, o petista Jaques Wagner tenta transformar em governo a partir de segunda-feira a euforia que o levou ao Palácio de Ondina.

Na surpreendente vitória no primeiro turno da disputa de outubro, o carioca de 55 anos bateu o governador Paulo Souto (PFL), candidato à reeleição, em um triunfo também simbólico por dar fim, nas palavras do próprio Wagner, a uma das últimas capitanias hereditárias do Brasil. Em 2002, o aliado de ACM levou a melhor sobre o hoje governador eleito.

Com amplo leque de alianças, diálogo aberto com partidos de oposição e apoio do amigo e presidente reeleito Luiz Inácio Lula da Silva, que o vê como um pacificador, Wagner está buscando reunir as condições para evitar as dificuldades da gestão de Waldir Pires, que também assumiu o governo estadual com expectativa de renovação.

Diferente de Wagner, o atual ministro da Defesa, então no PMDB, tinha menos aliados e pouca simpatia de Brasília. Em 1989, deixou o governo para ser o candidato a vice-presidente na chapa de Ulysses Guimarães. Na época, a pressão vinha da mídia e do ministro das Comunicações do presidente José Sarney, o próprio ACM.

Para derrotar o carlismo, o governador eleito se cacifou como ministro em três áreas diferentes no governo Lula: o Ministério do Trabalho, a Secretaria do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e a pasta das Relações Institucionais.

Foi um dos articuladores de Lula para estancar a crise política de um governo combalido por denúncias de corrupção, desde meados de 2005, e foi decisivo na eleição do palaciano Aldo Rebelo (PCdoB-SP) ao cargo de presidente da Câmara.