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Controle ferroviário tem melhores salários que aéreo

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Portal Terra

SÃO PAULO - Os controladores de metrô e trens urbanos da cidade de São Paulo têm, de forma geral, melhores salários e condições de trabalho do que seus pares do setor aéreo. São responsáveis pela operação de composições que transportam respectivamente 2,8 milhões e 1,3 milhão de passageiros diariamente. Em comparação, segundo a Infraero, viajaram de avião, até setembro, uma média de 282 mil pessoas por dia em todo o País.

Apesar de terem responsabilidade sobre um número maior de pessoas, os operadores de trem precisam lidar com apenas uma dimensão, a horizontal, e não com duas, como os controladores de vôo. - É praticamente incomparável. Os aviões têm velocidades variadas e trafegam por planos e direções diferentes. É bem mais complexo, diz Haroldo Soares da Costa Filho, 49 anos, 30 deles trabalhando com tráfego aéreo.

O controle de tráfego aéreo é subdividido entre os controles de torre - pousos, decolagens e circulação de aeronaves no solo -, controle de aproximação - responsável pelo delicado momento em que aviões em descida convergem para uma região onde há um ou mais aeroportos - e de área, que cuida do tráfego de aeronaves pelas aerovias, quando já estão na rota definida pelo plano de vôo. Em cada uma dessas etapas há controladores em contato com os pilotos e verificando informações dos radares.

Os sistemas de controle de trens rodam automaticamente, calculando a distância entre eles, o tempo que devem permanecer nas estações, as rotas seguras e a velocidade com que devem trafegar. As linhas são representadas em telas nas quais os trilhos são aparecem como linhas verdes e os trens como blocos vermelhos. Os operadores têm acesso aos maquinistas e às estações por meio de rádio e telefone.

- A grande segurança do sistema é o próprio sistema. A intervenção do controlador deve acontecer quando os trens estão recolhidos, ou se houver a necessidade de uma melhor circulação ou num problema técnico qualquer. De maneira geral, o sistema opera de maneira automática, diz Francisco Pierrini, gerente de circulação e controle operacional da CPTM.

Isso não impede que um grande número de ocorrências apareça nas telas dos controladores. - Aqui, cada dia acontece uma coisa diferente. Às vezes o trem quebra, às vezes tem uma pane de sinalização, lista o operador Eduardo Alexandre Castilho, 29 anos, que há sete trabalha no centro de controle operacional da CPTM. Mas os problemas, de forma geral, são de fácil resolução. Castilho, que conhece o mundo das ferrovias desde os cinco anos, quando acompanhava o pai ao trabalho, diz adorar o que faz. Sobre a comparação entre suas condições de trabalho e as dos controladores de vôo, não tem dúvidas. - Pelo que vejo na televisão, com certeza nossa situação é melhor.

Paulo Pasin, 49, operador do metrô, está na companhia há 15 anos. - É muito desgastante. Não podemos passar uma orientação errada, e se demorarmos para perceber um problema, ele logo se avoluma. No metrô, costuma-se comparar o andamento dos trens a um carrossel. Ele deve ter fluxo contínuo.

Em ambas as empresas, os operadores de centros de controle são funcionários que prestaram concurso interno para as funções. As ocupações, portanto, fazem parte de um plano de carreira dentro da companhia. Os salários variam entre R$ 1,9 mil e R$ 4,3 mil, o que, segundo os operadores ouvidos pela reportagem, condiz com suas funções.

Entre os controladores de vôo militares - sargentos e suboficiais - os soldos vão de R$ 1.560 a R$ 2.583, podendo haver variações de acordo com o tempo de serviço. Os rendimentos chegam, no máximo, a cerca de R$ 3,5 mil mensais. No concurso público aberto pelo governo para a contratação de 64 novos controladores, o salário inicial é de R$ 3,1 mil.

Quanto às condições de trabalho, quem cuida de trens urbanos e do metrô está em melhor situação novamente. Na CPTM, trabalha-se oito horas por dia, durante três dias, para folgar dois. A escala no metrô é de seis dias de trabalho, no período matutino ou vespertino, em turnos de seis horas. Na seqüência há um dia de folga, dois dias de trabalho no período noturno