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Centrão começa a se afastar de Alckmin

Políticos da aliança com o PSDB migram para outras candidaturas

Leonardo Benassatto/AE -
Para Alckmin, comentários sobre debandada não têm "a menor procedência"
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Aconteceu o que o Centrão temia. O candidato Geraldo Alckmin (PSDB) estagnou nas pesquisas eleitorais. Diante do reiterado resultado das pesquisas divulgadas esta semana, mostrando que ele não passa da quarta colocação, os apoiadores mantêm cada vez mais discreta a presença junto ao candidato e cada vez mais explicito o apoio a outros presidenciáveis.

Oito partidos – PTB, PP, PR, DEM, Solidariedade, PPS, PRB e PSD – formam, com o PSDB, a coligação “Para Unir o Brasil”, a aliança firmada com muito custo, no final do prazo autorizado pela legislação eleitoral, justamente pela desconfiança de que o tucano não decolaria. No fim da tarde de ontem lideranças desses partidos se reuniram para discutir novas estratégias.

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Para Alckmin, comentários sobre debandada não têm "a menor procedência" (Foto: Leonardo Benassatto/AE)

Oficialmente, não é possível mais desfazer a coligação registrada no TSE. A migração se dá, na prática, nos palanques e nas conversas de bastidor.

Segundo uma fonte do bloco, o atual presidente do DEM, Antônio Carlos Magalhães Neto, prefeito de Salvador, está praticamente sozinho na defesa da manutenção do apoio ao ex-governador de São Paulo. Era de se esperar, visto que além de ACM Neto ser o coordenador da campanha tucana, DEM e PSDB são coligados na Bahia. Mas, mesmo no DEM, há políticos que tentam vaga nas eleições com votos declarados a outros presidenciáveis.

“A cristianização já começou. E com a campanha mais curta, o movimento pelo voto útil também se antecipou”, opina o cientista político Paulo Kramer. Cristianização é o fenômeno estudado na ciência política em que apoiadores abandonam o barco em uma coligação para aderirem a outro candidato. A expressão surgiu a partir da campanha de Cristiano Machado, que em 1950 concorria pelo PSD à presidência e viu-se abandonado até mesmo por correligionários que resolveram debandar para o lado de Getúlio Vargas, do PTB. Já o movimento pelo voto útil é a onda que move o eleitor a não votar em candidato fadado à derrota.

A tendência, para Kramer, é que boa parte do apoio a Alckmin migre para Bolsonaro. Tradicionalmente, os partidos do bloco costumam apostar em quem já está à frente na corrida eleitoral. Mas já há, no bloco, votos diluídos entre os presidenciáveis Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT, que oscilam na segunda colocação na corrida eleitoral.

Ciro Nogueira, presidente do PP, o mesmo partido de Ana Amélia, candidata a vice na chapa com Alckmin, já declarou apoio ao petista. O Solidariedade, desde a pré-campanha, explicitava a preferência por Ciro.

Em evento em São Paulo, ontem, Alckmin disse que “não tem a menor procedência” a informação de debandada dos apoiadores. Disse que a presencia de Neto na capital paulista já estava prevista. “Eu me reúno toda segunda ou terça-feira com ACM Neto”.

Ele aproveitou para voltar a atacar Bolsonaro, a quem pretende derrotar no primeiro turno para chegar ao segundo com Haddad. “Fiquei horrorizado com a declaração de Mourão”, disse referindo-se ao general Hamilton Mourão, vice na chapa do PSL, que havia citado que as crianças criadas por mães ou avós são desvirtuadas e acabam cooptadas pelo trafico.