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Hora de muito cuidado

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O que se pode dizer a um eleitor, quando o calendário revela que são apenas doze dias a separá-lo da urna que o convidará a ajudar na definição dos rumos do futuro imediato do país? Na visão de um profeta, se adaptado aos atuais dias, o que recomendava para a escolha de um líder de comunidade do Cristianismo nascente, não é bastante pedir luzes a Deus, que, mesmo quando resolve concedê-las, não desobriga dos deveres quem tem responsabilidade com a comuna da qual faz parte. A comparação não é incomum nos púlpitos, quando os fiéis são chamados a respeitar o direito e o dever de votar. Provavelmente isso será lembrado em próximas homilias, porque é a ocasião que faz o profeta.

Lideranças religiosas responsáveis, não as improvisadas e ocasionais, têm insistido na responsabilidade do voto, ainda que mantendo devidas reservas em relação a preferências quanto a nomes. Ou, quando as confessam, fazem-no com sutileza.

Igrejas, quaisquer que sejam suas confissões, e as entidades e organizações civis têm contribuição a dar, em escala maior agora, quando se aproxima a eleição. Não é o que se espera apenas dos partidos, porque estes apenas defendem votos para seus candidatos, mesmo que sabendo imerecidamente. Mas a sociedade organizada espera mais de suas representações, considerando-se que está em tela o mais importante entre os instrumentos de manifestação democrática.

O voto – seria conveniente insistir -, sendo o direito de escolher o candidato que ao eleitor parecer mais adequado, não pode ser usado para fazer contas de chegar, dado não para eleger o melhor, mas para inviabilizar outro, indiretamente. O que deve ir à urna é a arma feita para construir; não pode ser arma cuja missão é apenas destruir a que não agrada. É quando a preocupação deixa de ser veículo de apoio para se tornar condenação. Neste passo, é importante especial cuidado com as campanhas que em outra coisa não pensam e não querem, além do voto rancorosamente utilitário, que sempre existiu, e não deixa de ser um direito, mas não pode chegar a um papel degradante.

Em véspera de um embate eleitoral cheio de dúvidas como também surpresas, algumas reais, outras nem tanto, os cuidados também se referem aos boatos; virtual maldade de última hora, com endereços certos para causa lesões a candidatos. É outro defeito que vem de longe, mas com tudo para ganhar força e criar danos pelas redes sociais, que se transformaram na principal fonte de consulta sobre virtudes e defeitos de quem disputa cargo eletivo.

Em campanha eleitoral não é aconselhável aceitar o velho axioma da mentira que tem pernas curtas. Quando a disputa política vai ao clímax da campanha elas costumam ser longas; e, mesmo quando curtas, nem por isso deixam de causar graves prejuízos. É nesta época que se conhece outra faceta daquilo que hoje se identifica como fake news: a inverdade que afronta as pessoas repercute cinco ou seis vezes mais. Os especialistas já deduziram que, principalmente quando está em causa a luta pelo poder político, a verdade não é tão atraente como a notícia falsa.

Tudo concorre para conferir suporte à principal advertência que nesta fase deve ser transmitida ao eleitor: nada melhor que o boato, contra fatos e pessoas, para comprometer a eleição, que se deseja apena e fiel ao que pretende o eleitorado. Assim visto, nestas horas e nas que estão por vir todo cuidado é pouco.

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editorial | jb