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As urnas que atraem

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Um bom sinal das pesquisas mais recentes, independentemente dos candidatos à Presidência que cresceram ou caíram, pode estar no item que sinaliza a queda do volume de indecisos. Seriam os eleitores que vinham demonstrando insegurança na indicação de suas preferências, e, agora, aproximando-se a hora da decisão, não haveria mais como se esconder. Se vão sendo eliminadas as indecisões, provável também que, logo depois, tornem-se mais modestos os números atribuídos aos que vêm prometendo omitir-se. Talvez a decisão atestada seja resultado dos primeiros efeitos da propaganda gratuita que ocupa o rádio e a televisão. Talvez se atribua ao calor tenso da campanha; ou nada disso, mas apenas o despertar do colégio eleitoral, como fenômeno espontâneo.
Contudo, o risco da abstenção e da anulação de muitos votos ainda é problema que não se possa dizer superado. Preocupa, a começar por um fato que, por sua importância, bastaria por si mesmo e só por si. É o caso de termos de termos votação pobre de eleitores, sob números modestos, que logo revelaria consequência trágica: o novo governo sem suficiente respaldo de maioria participante no processo, carente da indispensável unção da legitimidade.
Se o problema de base insuficiente é capaz de custar caro à administração pública, em qualquer época ou circunstância, muito mais agora, a partir de janeiro. A razão se explica pelo volume de problemas a serem enfrentados, de imediato, pelo presidente; problemas que, tendo chegado ao estágio em que se encontram, não concedem direito a longas postergações, mas exigindo soluções rápidas, algumas impopulares. Se for governo carente de base, resultante de disputa em que muitos preferiram não participar, sem o aval de maioria expressiva, seus obstáculos certamente serão maiores.
Uma parcela do eleitorado teria se conscientizado a respeito disso? Se chegou à decisão de optar por um dos candidatos, libertando-se das dúvidas, é provável, então, que, nessa mesma linha, reflitam não mais apenas os indecisos, mas os descrentes e os que consideram que, frente a tantos desgostos, melhor seria não entrar em cena. Um desejável efeito cascata, esperança para quem não ignora os embaraços que podem advir de um presidente que começa tateando na indiferença de grandes número de cidadãos.
Uma parcela razoável dos muros que se levantaram ao governo Temer está na ausência desse suporte. Não se pode negar a ele a legitimidade, porque assumiu por imposição de dispositivo constitucional. Mas sem a necessária autenticidade, pois resultado que foi da impugnação da titular. Presidente acidental e conjuntural, admoestado pelos próprios partidos que o elegeram, haveria mesmo de falhar a base que lhe permitisse ousar mais.
Nem sempre se toma em conta, como proposta de reflexão política para os futuros tempos do país, a experiência do atuar governo em relação ao fenômeno da sustentação política. Ela é oportuna e altamente esclarecedora neste momento. O próximo, se não chegar a Brasília envergando solidez eleitoral, mas subir raspando pelas beiradas, com toda certeza estará apto a herdar o modelo de dificuldades que Temer enfrentou e ainda enfrenta.
Nestas últimas horas, um imprevisto de sangue veio associar-se à necessidade de multidões correrem às urnas, porque nelas mora a democracia, gravemente ofendida no atentado contra o candidato a presidente Jair Bolsonaro. O voto participante tem força para vencer o terror e a violência, e é ele que, no dia 7 de outubro, pode e deve amplia um sagrado e duplo dever, elegendo o melhor para o Brasil e repudiando a violência.