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Coisas estranhas têm acontecido no Brasil e no exterior. Sinal de que o século 21 está finalmente se estabelecendo no horizonte de nossas vidas. O ministro Dias Toffoli assumiu a presidência do Supremo Tribunal Federal com apenas 50 anos. Fez toda sua carreira como assessor do PT, desde o início de sua vida profissional quando assessorou a CUT até assumir a subchefia de assuntos jurídicos da Casa Civil, na Presidência da República, sob o comando de José Dirceu. Chegou ao ponto máximo de sua carreira nesta semana. Um de seus primeiros atos foi convidar o general Fernando de Azevedo e Silva, quatro estrelas, para trabalhar na sua assessoria. Militar no templo sagrado do sistema jurídico nacional. Novidade.

Longe daqui, o Papa Francisco convoca reunião de bispos em Roma, em fevereiro próximo, para estudar, aprofundar e discutir o seriíssimo problema da pedofilia e violência sexual dentro de instituições católicas em vários pontos do mundo. Sua Santidade está sob severa pressão dos conservadores, que não desejam apurar nada. O Santo Padre pretende recuperar seu prestígio junto aos liderados. A Igreja Católica, que mede o tempo por séculos, pode estar perto de uma divisão. As consequências serão profundas em todos os recantos do mundo, inclusive aqui. Suspense.

Russos e chineses organizam, junto com tropas da Mongólia, o maior exercício militar desde o fim da guerra fria. São mais de 300 mil soldados, 32 mil blindados, mil aviões, oitenta navios, mísseis de longo alcance com capacidade nuclear, jatos moderníssimos e um aparato moderno e eficiente de comunicações. Pela primeira vez, em muitos anos, russos e chineses estão do mesmo lado. Esqueceram rivalidades antigas. Putin e Xi Jinping se encontraram recentemente em Vladivostok. Estão dando um recado para Donald Trump. Essa aliança modifica a correlação de forças no Pacífico e pressiona a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Assusta europeus e coloca norte-americanos de sobreaviso. Isso também é novidade.

Os brasileiros gostam do improviso. Aqui havia um candidato na prisão e outro no hospital. Haddad substituiu Lula, e a campanha, afinal, começou. Porém, Bolsonaro não está em condições físicas de falar em público nem se submeter à pesada agenda de candidato. Luta pela sua vida. A campanha para ele acabou. Nem no segundo turno estará de volta. Este é o novo retrato da situação. Um candidato que representa outro – não tem personalidade própria nem projeto de governo – e um que tem projeto de governo, mas não pode apresentá-lo por restrições de natureza pessoal. Está na unidade de tratamento intensivo de hospital em São Paulo.

Entre esses opostos, a campanha evolui. Não se conhece a capacidade de transferência de votos de Lula para Haddad. Não se conhece a capacidade de ganhar votos de um candidato que está numa cama de hospital. E não se conhece a possibilidade de crescimento dos três que lhes são próximos. Marina Silva anda caindo pelas tabelas. Ciro Gomes tenta a conciliação, mas volta e meia derrapa e dispara um ataque. Geraldo Alckmin, o preferido pelo mercado financeiro, quer partir para cima de seus oponentes. Se conseguir tirar votos de Meirelles e Álvaro Dias subirá significativamente nas pesquisas.

Nos estados, a confusão é maior. Alguns dos candidatos a governo estavam comprometidos em apoiar Lula, mas não fizeram acordo para apoiar Haddad. No Ceará, por exemplo, a tendência é que os antigos votos do PT caminhem na direção do apoio a Ciro Gomes. Em cada estado a situação será diferente. Não mais se fala de golpe. O PT se coligou aos partidos que se uniram para tirar Dilma Rousseff do Palácio do Planalto. Aliás, a ex-presidente, que continua a escorregar nos seus pronunciamentos, lidera com folga a disputa pelo Senado em Minas Gerais. Minas, não há mais. Novidade.

* Jornalista