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A anomia de um país

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Um ex-ministro da Fazenda denuncia um ex-presidente da República com quem trabalhou por oito anos, sendo três como ministro de Estado, quatro montando programas de governo e um como indicado para trabalhar com a sua sucessora na presidência. Não prova as acusações, mas claramente as sinaliza com depoimentos gravíssimos.

Em termos materiais e objetivos, não se pode considerar que as acusações sejam tão graves quanto as que pesam sobre ele mesmo, e que já foram materializadas com o bloqueio de R$ 31 milhões em sua conta.

O ex-presidente da Câmara, segundo na hierarquia do poder, foi envolvido em todo o tipo de escândalo de enriquecimento com a destruição do país, e acabou deposto.

Um ex-presidente fez acusações afirmando que no Congresso havia 300 picaretas.

No Senado, o atual presidente é acusado no âmbito da Lava Jato e, segundo o Ministério Público, outros que presidiram a Casa também estão envolvidos em denúncias que, se forem verdadeiras, tinham que não apenas impedir que eles pudessem presidir o Senado, mas sim leva-los à prisão.

As delações da Odebrecht relacionam 24 senadores.

Como se vê, a anomia se instalou no Poder Legislativo. O povo, nas últimas eleições, mesmo sendo obrigado a votar, demonstrou sua aversão na urna, somando 40% de votos brancos, nulos e abstenções. Um exemplo é o que aconteceu na eleição para prefeito de São Paulo. A soma de votos brancos, nulos e abstenções chegou a 3.096.304 (38,48%), mais do que os votos do eleito João Doria (3.085.187).

No Tribunal de Contas da União (TCU), um ou dois ministros estão envolvidos direta ou indiretamente em denúncia de corrupção. 

O grande canalha da destruição do Brasil diz que tem gravações de ministros de vários tribunais. O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) chega a "passar recibo", dizendo acreditar ter sido gravado. Se acredita é porque teve com ele várias conversas.

Como pode isso acontecer com homens desta Corte, que já foi ocupada por brasileiros como Hermes Lima, Evandro Lins e Silva, Victor Nunes Leal e Hahnemann Guimarães, que não permitiram que esse tipo de gente se aproximasse deles? Dizemos "esse tipo de gente" porque é assim que essa família é conhecida não só em Goiás, como em todo o Brasil.

Governadores do Estado possuem facções iguais às que montou Sérgio Cabral no Rio de Janeiro, e a Justiça ainda permite que base dessa facção esteja solta.

Não é uma denúncia, é uma constatação que qualquer um pode fazer vendo a evolução patrimonial de muitos desses delinquentes, no seu comportamento de vida.

Se todos esses poderes são denunciados ao povo da forma como vêm sendo, o que se esperar desse país? 

A resposta parece ser a anomia, conceito que se refere ao estado social de ausência de regras e normas, onde os indivíduos desconsideram o controle social e vivem em estado de degradação.