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O que deve estar sentindo Amador Aguiar?

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O que deve estar sentindo o grande brasileiro, doutor Amador Aguiar? Há 70 anos, criava no interior do Paraná um banco que vinha a se tornar o maior do Brasil. Não foi herança, não foi no jogo, não foi na politica. Foi no trabalho.

Sempre foi severo e respeitoso com todos aqueles que, naqueles interiores do café, o procuravam para transformar a sua casa - o Bradesco - em cofre daqueles lavradores e trabalhadores. 

Era tão severo com o dinheiro que não era dele que proibia seus funcionários de fazer financiamento de café, porque já achava que podiam, por trás daqueles financiamentos, produzirem as grandes especulações de commodities, que estavam sujeitas a intempéries.

Nos 30 anos que conduziu o banco, o transformou no mais importante do país. Não fez do banco que ele criou fonte de herança administrativa familiar. Severo, tinha um companheiro tão importante quanto ele: Lázaro Brandão. 

As administrações se sucederam, a associação com outro banco transformou antigos dirigentes do BCN em executivos do Bradesco. Este banco participou de todo o desenvolvimento dos últimos 30 anos desse país. Quando se falava em Bradesco, se lembrava de Brasil. Hoje, até a publicidade da Olimpíada é Bra/Bra: Bradesco e Brasil. 

Seus administradores não permitiam investimentos em nenhuma empresa que tivesse qualquer arranhão judicial. Mesmo empresas com questões trabalhistas que seus administradores, por serem novos, sucederam, e que cumpriam as obrigações, nunca deixando de honrar qualquer compromisso que a Justiça mandasse cumprir.

As empresas do Bradesco não permitiam qualquer aproximação com aqueles que estavam na Justiça, muitas vezes mesmo para lutar por direitos. Afinal, todos sabemos da lentidão do judiciário, fundamentalmente trabalhistas. As empresas eram colocadas na lista negra, e não podiam receber qualquer tipo de participação em qualquer negócio proposto.

Hoje é triste ver esse banco - que teve nas mãos de Amador Aguiar e Lázaro Brandão administrações modernas e severas - sem cuidar do comportamentos de seus administradores, vindo às primeiras páginas dos jornais reportagens fartas de comprometimento da instituição mais importante do Brasil com o ilícito, até provem o contrário. 

Deve ser triste para uma empresa ter seu executivo maior apontado como réu, comprometendo a imagem do banco e de seus próprios funcionários, porque os que administram foram escolhidos por esses administradores. Diante de seus funcionários, como deve ficar? Pior, diante de seus clientes. 

Não há dúvida de que a certeza vencerá e que este banco jamais deixará de ser o bancão. 

Os homens passam, mas esse banco não passará.