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Obrigado, Dornelles

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Atribuem ao governador em exercício Francisco Dornelles o fato de milhares de ingressos para a Olimpíada terem sido devolvidos. Se for verdade, Dornelles evita que a podridão que sentimos no Brasil - e que a própria mídia divulga, espalhando o seu cheiro - com os escândalos de corrupção com políticos corruptos e empresários corruptores, hospitais em caos absoluto, avalanche de delinquentes montando suas organizações em todos os estados do Rio, chegue a níveis ainda mais dramáticos. 

E se esses ingressos estão sendo devolvidos, são de que tipo de turista? A olho nu, parece que os que estão chegando ao Rio vêm na verdade concorrer com a pivetagem que já assusta as ruas daqui. As imagens dos hotéis são de quartos com seis, oitos camas, como se fosse para integrantes de um congresso estudantil ou, quem sabe, um albergue de senhores mais pobres e mais velhos. Por que a preocupação em servir - servir mesmo, ser sabujo, serviçal, submetido a turistas que, pela qualidade, quase que vêm tirar o ponto dos "pivetes nacionais"? Se Dornelles está afastando este tipo de turista, parabéns, Dornelles.

Espalham que o faturamento será maior que o de um Réveillon. E depois? O Olimpíada será na verdade uma agressão ao cidadão desempregado, sem plano de saúde, sem colégio para seus filhos, sem hospital, com zika, chikungunya, dengue, balas perdidas e os monumentais estádios com seus campos, piscinas e ingressos milionários, que terão uma efêmera vida de 15 dias.

Se Dornelles é o responsável para que esta imagem não seja transmitida a todo o mundo mais vezes, alvíssaras a Dornelles. Não foi ele que superfaturou os preços, não foram os secretários de Dornelles que colocaram guardanapos na cabeça. Dornelles não precisou se casar nem namorar filha de político importante para se transformar num dos políticos técnicos mais destacados do Brasil. 

Com Getúlio Vargas, esteve do lado de seu tio resistindo e pedindo que resistissem à suposta invasão que poderia haver no Palácio do Catete por militares reacionários, que acabou culminando no suicídio de Vargas. Com governos duros, não transigiu em avisar àqueles que circunstancialmente se opunham aos poderosos. Não temeu enfrentar ordens covardes contra aqueles que, novamente circunstancialmente, se opunham, exigindo de Dornelles o cumprimento de lei que não existia, prendendo homem de bem. 

No Senado e na Câmara de Deputados, marcou sua presença como um dos políticos mais respeitados por tanto ter defendido o Estado do Rio de Janeiro. Como ministro do Trabalho e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior no governo FHC, e ministro da Fazenda no governo Sarney, sempre lutou pelo país.

Por tudo isso, o que é preciso dizer é obrigado, Dornelles.