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Escândalos e corrupção: uma triste rotina que se repete há décadas no país

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O banco Itaú vem lidando com uma situação inusitada: um delator da Lava Jato, o contador Roberto Trombeta, tenta na Justiça o ressarcimento de US$ 1,3 milhão e € 787 mil (cerca de R$ 7,5 milhões, em valores atuais). O valor foi roubado em 2011, num assalto a uma agência da Avenida Paulista, quando um grupo roubou 142 cofres particulares. Entre os cofres, estava o de Trombeta.

Segundo reportagem desta sexta-feira (10) da Folha de S.Paulo, o contrato de aluguel do cofre estipulava que para guardar ali mais de R$ 15 mil seria necessário declarar os bens e fazer um contrato adicional de seguro, o que Trombeta não fez. A defesa do contador tentou incluir como autoras do pedido de ressarcimento 12 empresas sob seu controle, sustentando que boa parte do valor roubado pertencia a essas firmas, mas a Justiça não aceitou o argumento porque os nomes delas não constavam do contrato de uso do cofre. A ação de reparação de danos foi movida por Trombeta e seu sócio, Rodrigo Morales.

A informação mais importante da história é que Roberto Trombeta, ao fechar acordo de delação premiada em 2015 com a Lava Jato, confessou ter operado pagamentos de propina a mando das empreiteiras OAS e UTC, relativos à corrupção na Petrobras. Na época do assalto aos cofres, Trombeta tinha como sócios na Full time o delegado Youssef Chahin, que hoje é o chefe da Polícia Civil de São Paulo, e o irmão dele, Wlademir Chahin, também delegado de polícia.

Na ação contra o Itaú, a defesa afirma que a maior parte do valor pertencia às empresas de Trombeta e Morales, e não a eles como pessoas físicas, o que sustenta o argumento do banco de que os dois não puderam provar, por meio de suas declarações de renda, possuírem tal montante, conforme a Folha.

Infelizmente, esse tipo de sangria do dinheiro público está longe de ser um caso isolado. Além de Trombeta ser a ponta do iceberg dos muitos corruptos, corruptores e delatores da Lava Jato, o cenário de corrupção no Brasil é vasto e se repete há décadas, não se resume ao esquema criado dentro da Petrobras e que envolve empresários, doleiros, políticos e as maiores empreiteiras do país. Uma rápida pesquisa mostra que, lamentavelmente, na trajetória do Brasil há uma verdadeira coleção de escândalos muito maiores, e pior, que até hoje permanecem impunes.

Por diversas vezes, o Jornal do Brasil relatou alguns dos escândalos inesquecíveis em editoriais. É dever do jornalismo lembrar para não esquecer, sobretudo porque muitos dos casos que seguem abaixo têm como autores cidadãos que continuam impunes. 

Quem não lembra do deputado João Alves, cujo famoso método de lavagem de dinheiro ilegal consistia em sucessivas apostas na loteria. Curiosamente, Alves "ganhou" muitos prêmios nas lotéricas. O escândalo integrou o chamado Anões do orçamento. De 1989 a 1992, sete deputados da Comissão de Orçamento do Congresso faziam emendas de lei remetendo dinheiro a entidades filantrópicas ligadas a parentes e cobravam propinas de empreiteiras para a inclusão de verbas em grandes obras.

Na campanha ao governo de Minas Gerais, em 1998, Eduardo Azeredo (PSDB-MG) tentou a reeleição com dinheiro ilegal. O caso, conhecido como Mensalão tucano, dizia respeito aos crimes de peculato e lavagem de dinheiro. De acordo com a polícia, seis empreiteiras doaram R$ 8,2 milhões para a campanha de Azeredo sem declarar essas doações à Justiça Eleitoral, o que é obrigatório por lei. 

Já entre os escândalos envolvendo bancos, um dos mais notórios é o do Banco Econômico, de Ângelo Calmon de Sá, e os famosos cheques sem fundo. E ainda do Banco Marka que, endividado, acabou favorecido pelo Banco Central. Aliás, vem daí também o polêmico Proer (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional), de FHC, que promovia socorro aos bancos com dinheiro público. Bancos... sempre os bancos.

O Proer gastou R$ 37,76 bilhões com os bancos em funcionamento no país. Este valor foi apurado pela CPI dos Bancos, do Senado Federal, e consta do relatório final da comissão. O grosso dos recursos do Proer foi distribuído para salvar bancos falidos, recebendo em troca títulos "podres" como forma de pagamentos e para dar garantia a grupos estrangeiros para comprar bancos brasileiros.

Também no governo de Fernando Henrique Cardoso, o escândalo do grampo do BNDES sacudiu os alicerces do país. Aconteceu justamente no período anterior à privatização do Sistema Telebrás, na fase de habilitação dos consórcios participantes para o leilão. A denúncia resultou na queda do ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros, do presidente do BNDES, André Lara Resende, e parte da cúpula do Banco do Brasil e da Previ (Fundo de Previdência dos Funcionário do Banco do Brasil).

Além de um escândalo envolvendo a Andrade Gutierrez na construção da nova sede da Eletropaulo, no governo de Luiz Antonio Fleury Filho, sucessor de Orestes Quércia, os anos 90 da era FHC tiveram como tônica privatizações nebulosas que se tornaram alvos de muitas denúncias e especulações. A Companhia Vale do Rio Doce - vendida por R$ 9 bilhões e que, hoje, vale US$ 100 bilhões -, a Telebrás - monopólio estatal de telecomunicações - e a Eletropaulo, já citada, foram gigantes que passaram para o setor privado.

No Rio de Janeiro, as duas maiores distribuidoras de energia foram privatizadas em 1996. A primeira foi a Light, arrematada sem ágio por US$ 2,26 bilhões por um consórcio formado por Cemig, Andrade Gutierrez, Pactual e posteriormente pela EDF, Houston Industries Energy, AES e CSN. A ação da Light, na ocasião, valia R$ 9, e hoje, vale R$ 20. Já a Cerj, que atende à população do interior do estado, foi vendida por R$ 605 milhões, com um ágio de 30,3% pago pelo consórcio chileno Chilectra.

Os inquéritos das privatizações apontavam desde perdas bilionárias para os cofres públicos até o não cumprimento de regras básicas por parte da iniciativa privada, como, por exemplo, o fato de uma empresa não poder assumir duas companhias, o que aconteceu inclusive em processos que extrapolaram os prazos legais.

Como escândalos de corrupção não são de exclusividade da retomada da democracia, o JB lembra, também, casos ocorridos entre os anos 70 e início dos 80. No final do governo do ex-presidente João Figueiredo (1979-1985), por exemplo, chamou atenção o caso Sunaman (Superintendência Nacional da Marinha Mercante), que era encarregada de gerir o Fundo de Marinha Mercante. Foram descobertos indícios de irregularidades nos repasses de recursos do órgão aos estaleiros. Uma das suspeitas era de que as empresas descontavam, com aval da Sunamam, duplicatas de obras não realizadas, gerando a expressão "navios de papel". Na época, estimaram-se as perdas do governo em cerca de US$ 545 milhões.

Também nos anos 80 houve o caso Montepio, no qual foram investigados vários atos de corrupção envolvendo a Agropecuária Capemi, contratada para extrair e comercializar toda a madeira da área que seria inundada com a construção da Usina Hidrelétrica de Tucuruí. 

A Lava Jato é apenas um dos novos escândalos dos anos 2000 envolvendo empreiteiras e políticos. Em 2009, uma operação da Polícia Federal, batizada de Castelo de Areia, trouxe à tona novamente caso envolvendo políticos e empreiteiras. Deste vez era a Camargo Corrêa e mais de 200 políticos dos mais variados partidos relacionados com supostos crimes financeiros, lavagem de dinheiro, superfaturamento de contratos, fraudes em concorrências e pagamento de propinas.

Mais recentemente, o caso Alstom, do metrô de São Paulo: uma série de denúncias de pagamento de propina feitos pela empresa francesa Alstom a vários políticos do estado de São Paulo. De acordo com o que consta de documentos enviados ao Ministério da Justiça do Brasil pelo Ministério Público da Suíça, no período de 1998 a 2001 pelo menos 34 milhões de francos franceses teriam sido pagos em propinas a autoridades governamentais do Governo do Estado de São Paulo e a políticos paulistas utilizando-se empresas offshore. 

E como não lembrar das obras superfaturadas na reforma do Maracanã para a Copa de 2014? De acordo com o Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, o superfaturamento foi de R$ 67,3 milhões. O texto pedia o cancelamento do pagamento desses valores às construtoras Odebrecht e Andrade Gutierrez. A reforma do estádio, orçada em R$ 705 milhões, teve custo final estimado em R$ 1,2 bilhão.

Enquanto algumas investigações seguem a passos lentos, sem punição, outras foram arquivadas. Que a Lava Jato sirva de lição aos envolvidos: uma crise econômica devastadora, uma crise política sem precedentes na história do Brasil, credibilidade do país chão diante de investidores e, o pior, milhões de brasileiros desempregados como efeito da grande devassa nas escusas relações do público e do privado, de políticos e empresários, de corruptos e corruptores do país.

Veja as fases da Lava Jato e os nomes envolvidos:

O doleiro Alberto Youssef foi alvo da primeira fase da operação.

1ª fase – Em 17 de março de 2014, a Polícia Federal iniciou com prisões temporárias e preventivas de 17 pessoas em sete estados, entre elas o doleiro Alberto Youssef. Foram apreendidos R$5 milhões em dinheiro e 25 carros de luxo, joias, quadros e armas.

2ª fase – Em 20 de março de 2014, a Polícia Federal cumpriu seis mandados de busca e um de prisão temporária, a do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.

3ª fase – Em 11 de abril de 2014, a Polícia Federal cumpriu 16 mandados de busca e apreensão, três de prisão temporária e seis de condução coercitiva. A ação buscou reunir provas sobre a ligação de Paulo Roberto Costa com o doleiro Youssef, na empresa Ecoglobal Ambiental. A empresa mantém pelo menos um contrato de R$ 443 milhões com a Petrobras;Aponta ligação de Youssef com o deputado Luiz Argolo; instalação da CPI da Petrobras e a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) no Senado.

4ª fase – Em 11 de junho de 2014, a Polícia Federal cumpriu um mandado de busca e um mandado de prisão preventiva, a de Paulo Roberto Costa, preso novamente.

5ª fase – A Polícia Federal cumpriu sete mandados de busca, um mandado de prisão temporária e um de condução coercitiva. O executivo João Procópio Junqueira Pacheco de Almeida Prado foi preso dia 1º de julho de 2014 em São Paulo, por gerenciar na Suíça contas do doleiro Youssef. Bloquearam-se R$5 milhões em contas na Suíça.

6ª fase – A Polícia Federal cumpriu no Rio de Janeiro 15 mandados de busca e apreensão e um de condução coercitiva. Esses mandados visaram empresas e pessoas próximas, Paulo Roberto Costa.

7ª fase – Batizada de "Juízo Final", a Polícia Federal cumpriu 49 mandados de busca, seis de prisão preventiva e 21 de prisão temporária, sendo presos os presidentes e diretores de grandes empresas do Brasil, como Construtora OAS, IESA Óleo & Gás, Camargo Corrêa Construções, UTC Engenharia, Engevix e Construtora Queiroz e Galvão.

Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras, foi preso na oitava fase.

8ª fase – Em 14 de janeiro de 2015 a Polícia Federal cumpriu um mandado de prisão preventiva contra Nestor Cerveró, acusado de estar se desfazendo de patrimônio que poderia ter sido auferido ilicitamente. Cerveró foi detido ao desembarcar no Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro.

9ª fase – Em 5 de fevereiro de 2015 a Polícia Federal desencadeou a nona fase ostensiva da Operação Lava-Jato, batizada de "My Way". Cumpriu de 62 mandados de busca e apreensão, prisões temporárias e preventivas e conduções coercitivas, em quatro estados da Federação, para colher elementos de investigação acerca de operadores que atuaram na intermediação no pagamento de vantagens ilícitas no âmbito da Petrobras. Colheram-se ainda indícios sobre o pagamento de vantagens ilícitas no âmbito da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras. Durante essa fase foram apreendidas na casa de Zwi Skornicki quarenta e oito obras de arte que foram levadas para o Museu Oscar Niemeyer. Apontou-se Zwi Skornicki como um dos operadores do esquema de corrupção.

10ª fase – A operação ocorreu no dia 16 de março de 2015, contando com cerca de 40 policiais federais cumprindo 18 mandados no Rio de Janeiro e em São Paulo. Denominou-se essa fase de "Que país é esse?", em razão da frase que Renato Duque dirigiu a seu advogado ao ser preso pela Polícia Federal em novembro de 2014. No dia 27 de março de 2015, a Polícia Federal prendeu, em São Paulo, o empresário Dário Queiroz Galvão, sócio da Galvão Engenharia. No Rio de Janeiro foi preso o operador Guilherme Esteves de Jesus, um dos operadores investigados na My Way (9ª fase da Lava Jato), por pagar propina a mando do estaleiro Jurong. Os dois foram alvos de mandados de prisão preventiva, sem prazo para expirar e foram levados para a sede da Policia Federal em Curitiba. No dia 8 de abril de 2015, a justiça sequestrou R$ 163,5 milhões da empresa Queiroz Galvão, valor referente ao crédito de precatórios da empreiteira junto ao estado de Alagoas.

11ª fase – Em 10 de abril de 2015, a Polícia Federal deu início à fase denominada de "A Origem", cumprindo 32 mandados, sendo sete de prisão, 16 de busca e apreensão e 9 de condução coercitiva. Esta fase teve operações em seis estados: Paraná, Bahia, Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo. Foram presos nesta fase o ex-deputado André Vargas, Leon Vargas (irmão de André Vargas), o ex-deputado Luiz Argolo, Élia Santos da Hora (secretária de Argôlo), o ex-deputado Pedro Corrêa, Ivan Mernon da Silva Torres e Ricardo Hoffmann.

12ª fase – Em 15 de abril de 2015, a Polícia Federal deu início à fase com dois mandados de prisão, um de condução coercitiva e um de busca e apreensão em São Paulo. João Vaccari Neto, tesoureiro do PT, foi preso. A cunhada de Vaccari, Marice Correa de Lima ficou foragida até 17 de abril de 2015, e se entregou à policia. A esposa de Vaccari, Gisela Lima, teve o mandado de condução coercitiva, sendo liberada após depoimento. A Polícia Federal encaminhou em 11 de maio de 2015, ao Ministério Público Federal (MPF), 30 indiciamentos contra 22 pessoas, investigadas na 11º fase da operação Lava Jato, denominada "Origem", para apurar crimes de corrupção, fraude a licitações, lavagem de dinheiro e organização criminosa, entre outros.

13ª fase – Em 21 de maio de 2015, a Polícia Federal cumpriu a fase da Operação Lava Jato nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Cumpriram-se um mandado de prisão (Milton Pascowitch), um de condução coercitiva e 4 de busca e apreensão. Os mandados de busca e apreensão em São Paulo foram feitos na casa de José Adolfo Pascowitch, irmão de Milton Pascowitch. Os outros dois foram feitos um no Rio de Janeiro e outro em Minas Gerais. De acordo com o MPF, a empresa JD Consultoria, de José Dirceu, recebeu mais de R$ 1,4 milhões em pagamento da Jamp Engenheiros Associados Ltda, empresa que pertence a Milton Pascowitch.

14ª fase - Em 19 de junho de 2015, a Polícia Federal deflagrou a fase da Operação Lava Jato, com nome de "Erga Omnes", expressão em latim significando "vale para todos". Os alvos foram as empreiteiras Odebrecht e Andrade Gutierrez. Prenderam-se na operação os presidentes da Odebrecht, Marcelo Odebrecht e da Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo. Também prenderam-se os diretores da Odebrecht Marcio Faria, Rogério Araújo e Alexandrino Alencar. Cumpriram-se 38 mandados de busca, oito de prisão preventiva, quatro de prisão temporária e nove de condução coercitiva. Os mandados judiciais foram cumpridos em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Porto Alegre.

15ª fase - Em 2 de julho de 2015, a Polícia Federal deflagrou a fase da Operação Lava Jato, batizada de "Conexão Mônaco", cumprindo ao todo cinco mandados judiciais, sendo quatro de busca e apreensão e um de prisão preventiva. Foi detido na cidade do Rio de Janeiro e encaminhado à carceragem em Curitiba, o ex-diretor da área internacional da Petrobras, Jorge Luiz Zelada, em razão da movimentação, no Principado de Mônaco, de mais de € 10 milhões (R$ 34,5 milhões, na cotação do dia da prisão) em recursos ilícitos obtidos em propinas nos negócios da empresa. Zelada fôra citado anteriormente por dois delatores, Paulo Roberto Costa e Pedro Barusco, como beneficiário do esquema de corrupção. Foi o sucessor de Nestor Cerveró, atuando na área internacional da Petrobras entre 2008 e 2012.

Politeia - Em 14 de julho de 2015, a Polícia Federal deflagrou a Operação Politeia, um desdobramento da Lava Jato com 53 mandados de busca e apreensão em casas de políticos envolvidos no esquema de corrupção da Petrobras.

Dirceu foi um dos alvos da 17ª fase, tendo a prisão decretada pela justiça.

16ª fase – a Polícia Federal deflagrou em 28 de julho de 2015 a fase da operação, batizada de "Radiotividade", com a prisão de Othon Luiz Pinheiro da Silva, ex-diretor presidente da Eletronuclear e Flávio David Barra, presidente da global AG Energia. Os dois foram presos no Rio de Janeiro e levados para a Superintendência da PF em Curitiba. Além do pagamento de propina, a 16ª fase investiga a formação de cartel e o prévio ajustamento de licitações nas obras de Angra 3.

17ª fase - A Polícia Federal deflagrou em 3 de agosto de 2015 a fase da operação batizada de "Operação Pixuleco". Cumpriram-se 40 mandados judiciais, sendo três de prisão preventiva, cinco de prisão temporária, 26 de busca e apreensão e seis de condução coercitiva. José Dirceu e seu irmão Luiz Eduardo de Oliveira e Silva foram presos na operação. Esta fase da Lava Jato foi batizada de "Pixuleco" por ser este o termo que o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, usava para se referir à propina. José Dirceu responderá por crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Cerca de 200 policiais federais participam da ação. Tiveram a prisão preventiva na operação: José Dirceu, Fernando Antônio Guimarães Hourneaux de Moura (lobista) e Celso Araripe. Tiveram a prisão temporária Roberto Marques, ex-assessor de Dirceu, Olavo Houmeaux de Moura Filho, Julio César dos Santos e Pablo Alejandro Kipersmit.

18ª fase - A Polícia Federal deflagrou em 13 de agosto de 2015 a fase batizada de "Operação Pixuleco II". Na operação, 70 policiais federais cumpriram mandados de prisão e busca e apreensão em Brasília, São Paulo, Porto Alegre e Curitiba. Os mandados são um desdobramento da fase anterior da operação, que prendeu José Dirceu. Foi preso na operação o ex-vereador do PT, Alexandre Romano, que foi detido no aeroporto de Congonhas. Romano é suspeito de arrecadar vantagens indevidas superiores a R$50 milhões. Os pagamentos corriam por meio de empresas de fachada.

19ª fase – A Polícia Federal deflagrou em 21 de setembro de 2015 a fase batizada de "Operação Nessum Dorma", no português, "Ninguém dorme", com 11 mandados expedidos. O executivo da Engevix, José Antunes Sobrinho, teve a prisão preventiva decretada e foi preso em Florianópolis. De acordo com as investigações, foi verificado que uma empresa recebeu cerca de R$ 20 milhões, entre 2007 e 2013, de empreiteiras já investigadas na operação. O dinheiro seria propina obtida a partir de contratos com a Petrobras. Além disso, Sobrinho realizou pagamentos de propina já com a operação em curso, sendo Othon Luiz Pinheiro da Silva, ex-diretor-presidente da Eletronuclear, que está preso em um quartel de Curitiba, o destinatário dos recursos. "Ele fez movimentações em janeiro de 2015, inclusive, quando outro diretor da Engevix estava preso. Isso demonstra o quanto eles não têm limites nas suas operações", disse o Procurador da força-tarefa Carlos Fernandes Santos Lima.

20ª fase – A Polícia Federal deflagrou em 16 de novembro de 2015 a fase, batizada de "Corrosão", que faz menção a luta diária da Petrobras para combater os desgastes nas plataformas. Esta nova fase tem como objetivo buscar provas documentais sobre os crimes cometidos dentro da estatal e desvendados pela Operação Lava Jato. Foram presos na operação Roberto Gonçalves (ex-gerente executivo da Petrobras) e Nelson Martins Ribeiro apontado como operador financeiro.

21ª fase – A Polícia Federal deflagrou em 24 de novembro de 2015 a fase, batizada de "Passe Livre". As investigações partiram da apuração das circunstâncias de contratação de um navio sonda pela Petrobras com indícios concretos de fraude no procedimento licitatório. Ao todo, foram expedidos 32 mandados judiciais, sendo um de prisão preventiva ao pecuarista José Carlos Bumlai, além de 25 mandados de busca e apreensão e seis de condução coercitiva. A ação foi realizada em São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal. Entre os crimes investigados estavam fraudes relacionadas a licitação, falsidade ideológica, falsificação de documentos, corrupção ativa e passiva, tráfico de influência, lavagem de dinheiro, dentre outros.

Em 21 de março de 2016, o pecuarista José Carlos Bumlai deixou a cadeia na região metropolitana de Curitiba. A prisão de Bumlai foi convertida de preventiva para domiciliar em virtude de um câncer diagnosticado na bexiga. Os advogados de Bumlai alegaram que o cliente tem 71 anos e outras doenças crônicas.

O presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha foi alvo da Operação Catilinárias.

Catilinárias – A Polícia Federal deflagrou em 15 de dezembro de 2015 uma nova fase da operação, batizada de "Catilinárias", cumprindo mandado de busca e apreensão na residência oficial do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em Brasília. Foram cumpridos também mandados em endereços do peemedebista no Rio de Janeiro. A PF também informou que, além das residências de investigados, são realizadas em sedes de empresas, escritórios de advocacia e órgãos públicos. A polícia também cumpriu mandado de busca e apreensão na residência do deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE) e do ministro de Ciência e Tecnologia, Celso Pansera. Outros nomes envolvidos na operação estão o senador Edison Lobão (PMDB-MA), ex-ministro de Minas e Energia; Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), ministro do Turismo e Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro indicado pelo PMDB. O principal objetivo da PF é evitar que investigados destruam provas. Foram aprendidos documentos em Recife, em Brejão, no Agreste, e em Petrolina, no Sertão. Todo o material apreendido foi encaminhado ao Recife e em seguida para Brasília.

22ª fase – A Polícia Federal deflagrou, em 27 de janeiro de 2016, a 22ª fase da operação, batizada de Operação Triplo X, em São Paulo e Santa Catarina. Foram cumpridos por 80 policiais 23 mandados judiciais, sendo seis de prisão temporária, 15 de busca e apreensão e dois de condução coercitiva. Em São Paulo, a ação ocorre na capital, Santo André e São Bernardo do Campo e, em Santa Catarina, em Joaçaba. A operação apura a existência de estrutura criminosa destinada a proporcionar a investigados a abertura de offshores e contas no exterior para ocultar e dissimular o produto dos crimes de corrupção, notadamente recursos oriundos de crimes praticados na Petrobras. A investigação também apura a ocultação de patrimônio através de um empreendimento imobiliário. Segundo a PF, existe a suspeita de que uma das empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato teria se utilizado do negócio para repasse disfarçado de propina a agentes envolvidos no esquema criminoso da Petrobras. Entre os crimes investigados na atual fase estão corrupção, fraude, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.

23ª fase – A Polícia Federal deflagrou, em 22 de fevereiro de 2016, a 23ª fase da operação, batizada de "Acarajé", em São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador. Na operação 300 policiais federais participaram da ação. A PF expediu um mandado de prisão contra o publicitário João Santana, mas ele não foi detido por estar no exterior, na República Dominicana. Também foram alvos da operação a empreiteira Odebrecht e o lobista e engenheiro representante no Brasil do estaleiro Keppel Fels, de Singapura, Zwi Skornicki, que também já havia sido alvo das investigações do Petrolão por suspeitas de atuar como operador de propinas. Ao todo, foram expedidos 38 mandados de busca e apreensão, dois de prisão preventiva, seis de prisão temporária e cinco de condução coercitiva. A investigação identificou pelo menos 7 milhões de dólares enviados ao exterior e com relação direta com João Santana. Segundo nota da PF, o termo Acarajé se refere ao nome que alguns investigados usavam para designar dinheiro em espécie.

Os documentos da investigação ainda colocam sob suspeita o financiamento de obras do Instituto Lula feita pela Odebrecht. No entendimento da PF, cerca de R$ 12,4 milhões foram gastos nas obras. Ao analisar documentos apreendidos na empreiteira, a polícia identificou a sigla IL como sendo do Instituto e que a mesma teria arcado com custos de outras propriedades pertencentes ao ex-presidente.

24ª fase – A Polícia Federal deflagrou, em 4 de março de 2016, a 24ª fase da operação, batizada de Operação Aletheia, com 44 mandados de busca e apreensão por ordem da justiça, sendo 11 conduções coercitivas e 33 mandados de busca e apreensão. Entre os alvos estão o ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, seus dois filhos e Paulo Okamotto, amigo do ex-presidente. A Polícia Federal também cumpre mandados de busca e apreensão em endereços relacionados a alguns dos familiares e a Instituto Lula, presidida por Okamotto e em direções relacionadas com Lula, e imóveis em São Bernardo do Campo, cidade onde mora o ex-presidente, Atibaia e Guarujá (SP), onde em ele e a mulher tiveram um apartamento tríplex remodelado pela empreiteira OAS. A PF informou que investiga crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito da Lava Jato. Também há mandados judiciais em Salvador, Rio de Janeiro, Diadema (SP), Santo André e Manduri. A intimação do ex-presidente Lula a depor na sede da PF repercutiu na imprensa internacional. Conduziu-se coercitivamente o ex-presidente ao aeroporto de Congonhas para prestar depoimento. O nome da operação é uma palavra grega significando busca da verdade.

25ª fase – A polícia judiciária portuguesa cumpriu, em 21 de março de 2016, a 25ª fase da operação, em Lisboa, batizada de "Polimento". O operador financeiro Raul Schmidt Felippe Junior, foragido desde julho de 2015, foi preso preventivamente. Foi a primeira operação internacional realizada pela Lava Jato. Schmidt é alvo da 10ª fase da operação, e tido como sócio de Jorge Luiz Zelada, que está preso no Complexo Médico-Penal em Pinhais, no Paraná. As investigações apontam que Raul é suspeito de envolvimento em pagamentos de propinas à Zelada, Renato de Souza Duque e Nestor Cerveró . Segundo o Ministério Público Federal, além do Schimitd atuar como operador, também aparece como preposto de empresas internacionais na obtenção de contratos de exploração de plataformas da Petrobras. Raul Schmidt tinha dupla nacionalidade, brasileira e portuguesa, e se mudou para Portugal após a deflagração da Operação Lava Jato.

Gim Argello foi alvo da 28ª fase da operação.

26ª fase – A Polícia Federal deflagrou, em 22 de março de 2016, a 26ª fase da operação, batizada de Xepa, um desdobramento da Operação Acarajé, baseada em informações que teriam sido prestadas por Mônica Moura, esposa do publicitário João Santana. A operação contou com 380 policiais federais. Foram cumpridos 110 mandados em Brasília, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Bahia, São Paulo, Santa Catarina, Salvador e Distrito Federal sendo 67 mandados de busca e apreensão, 28 mandados de condução coercitiva, 11 mandados de prisão temporária e 4 mandados de prisão preventiva.Investiga-se um esquema bilionário de desvio e lavagem de dinheiro envolvendo a Petrobras e empreiteiras. Há suspeitas de irregularidades na obra da Arena Corinthians, feita pela construtora Odebrecht, com indícios de propina ao vice-presidente.

27ª fase – A Polícia Federal deflagrou, em 1º de abril de 2016, uma nova fase da operação, batizada de Carbono 14, com 12 mandados judiciais, sendo de dois de prisão temporária, oito de busca e apreensão e dois de condução coercitiva. Expediram-se mandados de prisão contra Ronan Maria Pinto e Silvio Pereira e mandados de busca e apreensão nas empresas DNP Eventos, Expresso Santo André e no Diário do Grande ABC. O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e Breno Altman foram alvos de condução coercitiva. A operação investiga crimes de extorsão, falsidade ideológica, fraude, corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

28ª fase – Em 12 de abril de 2016, deflagrou-se a Vitória de Pirro, com a prisão do ex-senador Gim Argello, suspeito de evitar depoimentos decisivos na CPI Mista da Petrobras (CPMI) em 2014.

29ª fase – Em 23 de maio de 2016, a PF realizou a Operação Repescagem, que investigou crimes de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e corrupção passiva e ativa envolvendo verbas desviadas ligadas ao Partido Progressista (PP). O ex-tesoureiro do partido, João Cláudio Genu, foi preso na operação. Foram expedidos seis mandados de busca e apreensão, um de prisão preventiva e dois mandados de prisão temporária em Brasília, Pernambuco e Rio de Janeiro.

30ª fase – Em 24 de maio, a PF deflagrou a Operação Vício, com 39 mandados judiciais, sendo duas prisões, vinte e oito de busca e apreensão e nove mandados de condução coercitiva em São Paulo e Rio de Janeiro. O nome da operação está relacionado à sistemática, repetida e aparentemente dependente prática de corrupção por determinados funcionários da estatal e agentes políticos que aparentam não atuar de outra forma senão por meio de atos lesivos ao Estado. Os alvos da operação foram José Dirceu e Renato Duque. Os crimes apurados são de corrupção, organização criminosa e lavagem de ativos.