ASSINE
search button

Lava Jato: suspeitos abandonam navio, como ratos em fuga

Compartilhar

À medida que as investigações da Polícia Federal e do Ministério Público na Operação Lava Jato vão fechando o cerco em torno de grandes lideranças políticas e empresariais do Brasil, um fenômeno de recorrência histórica torna-se cada vez mais evidente no atual momento do país: a fuga de investigados com suas famílias para fora do país, no momento em que “o barco afunda”. Ao menos é esse o cenário que se desenha.

Parte da família Camargo Corrêa, por exemplo, já fixou residência em Londres. Sua terceira geração não é muito atuante nos negócios, e já colocou à venda parte das ações do grupo, até para fazer reserva de caixa para o pagamento de multas pesadas que ainda possam ser aplicadas pela Justiça brasileira. A construtora Camargo Corrêa é uma das 23 empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato, e já aceitou acordo de leniência para restituir R$ 700 milhões aos cofres públicos.

Esse ímpeto de fuga, movido pelo medo dos rumos imprevisíveis que as investigações podem tomar no Brasil, se repetiu ao longo de vários episódios históricos repercutidos nas últimas décadas, seja em nosso país ou fora dele. Quando, em 25 de abril de 1974, eclodiu em Portugal a Revolução dos Cravos, que pôs fim à ditadura salazarista, membros do governo deposto buscaram imediatamente exílio no exterior. Marcelo Caetano, até então presidente do regime, exilou-se no Brasil, escapando de julgamento.

Até quando vamos ver suspeitos escapando, com medo do julgamento do povo? Até quando os ratos serão os primeiros a deixar o navio, quando ele começa a afundar?