ASSINE
search button

Onde mora a crise?

Compartilhar

Se a sorte for contrária ao governo, sua decisão terá de ser submetida ao Congresso. No Congresso há supostamente 304 deputados da base aliada, o que daria uma folga para que o governo não se sentisse abalado. Mesmo que haja uma fuga da base aliada, e tendo um comando da Câmara parlamentar questionado pela Justiça, será muto difícil a sorte ser contrária ao governo, o que faria com que as grandes entidades sociais como a CUT, o Movimento dos Sem Teto, o Movimento dos Sem Terra, a UNE e outros pudessem começar uma desorganização social.

Mas se tudo isso acontecesse, e hoje, com a decisão do TSE de mandar reabrir um processo e unindo a ele mais três, isso seria uma sangria, dispensando o PSDB de qualquer acordo na Câmara sobre o impeachment, e obrigando o PMDB a se unir em torno do vice-presidente Michel Temer, pois o processo no tribunal é contra a chapa. 

Com um quadro social já em convulsão, com o agravamento da crise econômica, com greves que poderiam acontecer desorganizando ainda mais a sociedade, o povo não verá uma crise onde o interesse nacional poderia ser preservado. A reação do povo será de raiva individual.

O que pode acontecer com um país com 220 milhões de habitantes, dos quais mais de dois terços não têm nada a perder, e onde a ideologia ou a liderança política não existe, onde o fisiológico se acentua de ano para ano da forma mais lamentável, porque este processo não é de baixo para cima, e sim de cima para baixo? 

O povo não tem o que respeitar. Os meios de comunicação vêm se encarregando fortemente, nesses últimos dois anos, de desmoralizar as instituições.

Aí sim vai morar a crise. O país não vê em nenhuma das lideranças que temos hoje a segurança para ser liderado. Na desorganização social de um povo com raiva, a liderança vai emergir do social, a não ser que haja algum líder também deste segmento popular que, mesmo atacado, nada lhe atinja, e que todos conscientes, vendo a desorganização, encontrem nele a solução.