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Corruptor, além de ladrão, é chantagista

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Diante das novas revelações envolvendo o dono da UTC, Ricardo Pessoa, e os escândalos de corrupção investigados pela Lava Jato, cabe um questionamento: o percentual que ele afirma que dava ao PT era sobre o preço real da concorrência ou sobre o sobrepreço? Se aumentava o valor da obra, ele não estava dando dinheiro ao PT, estava dividindo o roubo, já que exigia o aumento do preço para dar o percentual.

Quando aumentava o preço, ele na verdade estava chantageando: prometia um percentual desde que o valor da obra fosse maior.

O corrupto é ladrão, mas o corruptor, além de ladrão é chantagista. Quando exigia o aumento do preço, roubava duas vezes dos cofres públicos.

Levantamentos dão conta de que a UTC venceu licitações da BR Distribuidora mesmo apresentando proposta de preço até 795% maior do que o estimado pela subsidiária da Petrobras em alguns itens de obras. Relatório de auditoras da empresa identificou que a BR pagou a mais ou ajustou o preço estimado para atender à empreiteira. A UTC já confessou ter pago propina de R$ 20 milhões em troca dos contratos.

No STF

O relator dos processos da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Teori Zavascki, autorizou, a pedido do Ministério Público Federal, a abertura de inquérito contra os ministros Edinho Silva (Comunicação Social), Aloizio Mercadante (Casa Civil), além do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP). 

Ricardo Pessoa afirmou em delação premiada que fez repasses para as campanhas eleitorais de Mercadante e de Aloysio Nunes, e também para a campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff, que tinha Edinho Silva como tesoureiro.

De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a UTC doou R$ 7,5 milhões para a campanha de Dilma Rousseff. Pessoa afirmou que doou R% 500 mil para Mercadante em 2010, quando ele era candidato ao governo de São Paulo, e R$ 500 mil para o senador Aloysio Nunes Ferreira, sendo R$ 300 mil de forma oficial e R$ 200 mil em dinheiro vivo, sem declaração.

Além destes, a Procuradoria-geral da República também teria obtido evidências de que os senadores Renan Calheiros, Romero Jucá e Edison Lobão, do PMDB, teriam recebido dinheiro de Pessoa para suas campanhas eleitorais.

De acordo com reportagem da Época, o dinheiro pedido para campanhas eleitorais era propina a partir de contratos das obras da usina nuclear Angra 3, em Angra dos Reis (RJ). A reportagem afirma que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pedirá ao ministro do STF Teori Zavascki autorização para investigar Renan e Jucá no caso envolvendo Angra 3. Lobão já estaria sendo investigado por conta do suposto pagamento de propina.