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O Rio de Janeiro precisa de melhorias, não de maquiagem

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Em outubro de 2009, num clima de euforia, o Rio de Janeiro foi a cidade escolhida para sediar os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016, desbancando pesos-pesados como Madri, Chicago e Tóquio.

Estavam previstos mais de R$ 12 bilhões em investimentos e os gastos seriam divididos entre os governos federal, estadual e municipal, além da iniciativa privada.

O principal foco desde o início eram as instalações esportivas, a mobilidade urbana e as acomodações. Havia também a necessidade de se incrementar a rede hoteleira, ainda insuficiente para um evento do porte das Olimpíadas.

Anos depois, e com os típicos atrasos nas obras, o Rio de Janeiro se tornou um canteiro de obras. É claro que muitas delas são fundamentais. Mas a um ano e meio dos jogos, assistimos apenas a um embelezamento da cidade, junto com a inevitável especulação imobiliária (que inclusive já foi matéria do Jornal do Brasil.

>> Especulação imobiliária sobe do asfalto para a favela

O Rio parece querer se transformar numa cidade de primeiro mundo, mas só na aparência. Os serviços básicos continuam sendo de terceiro mundo. Na educação, faltam escolas e salários decentes para os professores. Na saúde, faltam ambulâncias, leitos, remédios e a remuneração dos médicos também é absurdamente baixa. O saneamento básico, ainda em déficit, segue espalhando doenças. Sem falar na Baia de Guanabara, onde serão realizadas várias provas de vela nas Olimpíadas, mas que até agora não foi despoluída.

E, claro, é inevitável citar a segurança pública. Ou insegurança pública. Só este ano, 104 policiais foram mortos no estado do Rio. A maioria, na capital. Desse total, 85 foram assassinados em dias de folga e 17 em serviço.>> Onda de violência assusta policiais militares do estado do RioO ano de 2015 já bate à porta. Resta saber se em 2016 teremos uma cidade realmente melhor para sua população. Ou se será apenas uma maquiagem provisória para agradar aos turistas. A maior derrota que o Rio pode sofrer não é a de perder medalhas nas Olimpíadas, mas perder uma chance de ouro de resolver os principais problemas da cidade.