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Tocha: jornalistas estrangeiros relatam surpresa com bloqueio do WhatsApp

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A chegada da Chama Olímpica no Brasil nesta terça-feira (3) trouxe ao Brasil jornalistas das mais diversas partes do mundo para cobertura do evento no país. Por meio de imagens ou palavras, todos tentaram reportar a seus leitores este momento histórico – comunicação que acabou sendo dificultada pelo bloqueio de uma ferramenta de comunicação bastante usada por muitos dos profissionais para a troca de mensagens: o WhatsApp. Muitos ficaram surpresos e consideraram "inusitado" o bloqueio do aplicativo, que está sem funcionar no Brasil desde as 14h desta segunda-feira (2) por causa de uma decisão judicial. 

“Realmente estou surpresa que algo assim acontecesse em um momento como este [a chegada da lanterna com a Chama Olímpica e o deslocamento da Tocha Olímpica]”, disse à Agência Brasil a repórter peruana da Latina Televisión, Marisol Choquehuanca. “Além de não conseguir falar com minha equipe no exterior, está sendo complicado marcar entrevista com alguns personagens para minhas matérias”, disse a jornalista.

Todas as prestadoras de serviços de telefonia móvel foram intimadas a bloquear o aplicativo em cumprimento a determinação do juiz Marcel Montalvão, da Comarca de Lagarto (SE), a pedido da Polícia Federal e do Ministério Público. O juiz é o mesmo que em março ordenou a prisão do vice-presidente na América Latina do Facebook, Diego Dzodan, sob motivação igual: o aplicativo não cedeu à Justiça informações e mensagens relacionadas a uma investigação sobre tráfico de drogas.

A decisão do juiz causou surpresa à jornalista peruana. “Quando soube que o WhatsApp seria bloqueado, imaginei que seria por algo muito importante, como a Operação Lava Jato. Mas, pelo que vi, a justificativa não é tão importante. O mais incrível é a quantidade de pessoas que serão afetadas por causa dessa decisão”, acrescentou Marisol.

O jornalista nipo-argentino Ariel Morkoni, do jornal japonês Yomiuri, também foi surpreendido com este “inusitado” bloqueio. “Nunca vi isso. Só aqui no Brasil”, disse o jornalista que, por trabalhar na equipe de correspondentes do Yomiuri no continente, tem de se comunicar rotineiramente com Japão, Argentina e demais países da América do Sul.

“Isso certamente poderá causar algum transtorno, em especial para a comunicação pessoal, mas por enquanto não estou sentindo tanta falta, porque acabei de chegar em Brasília. É possível que isso venha a me causar problemas nos próximos dias, principalmente para a comunicação com Argentina, Equador e alguns países sul-americanos. Tentarei me comunicar com eles por meio de outros aplicativos, como o Telegram ou via Facebook. Em relação ao Japão, acho que não terei maiores problemas porque, lá, o aplicativo mais usado é outro, chamado Line”, disse Morkoni à Agência Brasil.

A peruana Elisabeth Ramos, que trabalha para uma das empresas patrocinadoras dos Jogos Olímpicos, estranhou também a medida. “Como uso uma operadora estrangeira, não tive, pelo menos até o momento, problemas. Mas confesso ter estranhado esse tipo de medida em um momento como esse”. Precavida, Elisabeth já sabe o que fazer caso o WhatsApp comece a apresentar problemas: “Baixarei outro aplicativo de mensagens”.

WhatsApp

A empresa administradora do aplicativo já apresentou um recurso contra a decisão do juiz. No entanto, a medida cautelar que ordenou a interrupção foi mantida pelo desembargador Cezário Siqueira Neto, durante o plantão noturno. Na argumentação apresentada, o desembargador alega que o argumento da empresa Facebook, dona do WhatsApp, de que deve resguardar a privacidade de seus usuários, serve na verdade para encobrir interesses patrimoniais da empresa.