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Livro atesta pioneirismo de Niterói na conservação ambiental

Mais da metade da cidade é protegida

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A ideia foi de Amanda Jevaux, a geógrafa de 32 anos apaixonada por natureza e subsecretária de Meio Ambiente Recursos Hídricos e Sustentabilidade (SMARHS) de Niterói. O “Atlas das unidades de conservação do município de Niterói” será lançado nesta quinta-feira, no Parque da Cidade, em Charitas, com uma impressionante revelação: mais da metade do município (56%) é constituída de unidades de conservação. “É um projeto voltado à educação ambiental. Niterói se destaca pela preservação de seu manancial hídrico e de seu ecossistema como um todo, por abrigar sete unidades de preservação administradas pelo município e outras duas estaduais”, contabiliza ela. Só o Parque Municipal de Niterói, unidade de Conservação de Proteção Integral (Parnit), abrange 16,3 milhões de metros quadrados, equivalentes a 2.283 campos oficiais de futebol, que vão da Zona Sul à Região Oceânica. 

Todo o projeto, que não estará à venda, foi realizado de uma forma sustentável. A execução partiu de especialistas e técnicos da SMARHS e de quatro pesquisadores da Universidade Federal Fluminense (UFF), entre engenheiros florestais, biólogos e geógrafos, todos em trabalhos voluntários. O financiamento foi do Banco Latino Americano de Desenvolvimento – Cooperação Andina de Fomento (CAF). 

A partir de abril de 2017, os moradores da cidade começaram a se deparar com chamadas nas redes sociais questionando, “Você conhece?”, que convidava os interessados a participar de um concurso de fotografias para ilustrar o livro. O retorno à prefeitura foi de mais de 700 cliques, verdadeiro tour ecológico pela cidade. O resultado são as 130 imagens publicadas ao longo das 100 páginas do atlas, 60% (74 fotos) delas, de autoria desses apaixonados por fotografias, que dedicam suas horas livres a registrar as belezas naturais da cidade. Entre eles, o funcionário público Mauro Tadeu, 55 anos, que viu suas três fotos publicadas pela primeira vez em livro ao falar ao JORNAL DO BRASIL. “Comecei com esse hobby há quatro anos. Para mim, foi um êxtase ver minhas imagens publicadas, sentir que elas serão imortalizadas”, exultou. 

A capa e a contra capa também foram pinçadas deste material anônimo. O fotógrafo documental Rodrigo Campanário vibrou ao saber que venceu o concurso e que sua foto seria capa do atlas. O maior mérito de sua imagem foi mostrar a cidade de um ângulo inusitado, do ponto mais alto do Forte do Pico, dentro do Forte Barão do Rio Branco, área militar aberta à visitação agendada, em Jurujuba. A foto retrata a enseada de Niterói, na Zona Sul, e registra parte da Área de Proteção Ambiental (APA) do Morcego e do Morro da Viração, num feliz casamento do mar com regiões antigas e modernas da cidade. As ilustrações do livro foram complementadas por três fotógrafos profissionais, que também trabalharam voluntariamente, e pelas imagens realizadas por sobrevoos de drones pela equipe de Defesa Civil de Niterói.

Potencial didático 

Além das imagens de tirar o fôlego — as últimos cinco páginas são um mosaico só de fotos —, o atlas traz muitas reproduções da fauna (de cobras a passarinhos, passando por corujas e baleias), flora, ilustrações, mapas e quadros, além de textos que analisam os ecossistemas, os variados tipos de vegetação, as áreas ambientalmente protegidas e a contextualização histórica das unidades de conservação, sendo quase 50 páginas só sobre as de Niterói, em rico material de potencial didático. A edição destaca algumas curiosidades, como a origem do ditado popular “um olho no padre e outro na missa”: remete à curiosa situação comum ao período colonial, nas capelas localizadas dentro dos fortes e fortalezas da Marinha ou Exército, como a Capela de Santa Bárbara na Fortaleza de Santa Cruz, “Ao mesmo tempo em que o padre celebrava a missa, vigiava o mar ou o rio por uma pequena janela na lateral do altar. Ao menor sinal de aproximação inimiga ou navio suspeito, dava um sinal aos soldados, que retornavam a seus postos”.

“Existem trechos em que os especialistas fazem uma contextualização histórica das unidades de conservação como um todo e comparam o avanço desse tipo de política pública a locais com parques mundialmente conhecidos pela sua preservação, como no Nepal, na Índia e em Bali, originados da caça mantida pelos imperadores nessas áreas. Niterói mantém um bom nível de conservação ambiental que merece ser conhecido”, avalia Amanda.

 O prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PV), inclui o atlas em um conjunto de ações pelo meio ambiente e sustentabilidade de sua gestão. “Acreditamos que uma cidade moderna deve ser sustentável, organizada, limpa, bem cuidada e valorizar as belezas que a natureza proporcionou. E Niterói foi abençoada com sua geografia peculiar que reúne lindas praias, lagoas, montanhas e florestas. É nosso dever garantir a manutenção de todo esse patrimônio natural para as futuras gerações”, afirmou.