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O povo quer diretas já

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“A violência está tão fascinantes e nossos dias são tão normais”. Renato Russo.

Começo esta coluna parafraseando a Legião Urbana por entender que a instabilidade política do país é um reflexo da instabilidade moral que desde sempre permeia nossos espaços de sociabilidade. Estamos em uma catarse emocional que fez do povo um mero telespectador. Porém, o aumento da crise econômica, social e política que afeta o país permite que as vozes, da mais variadas classes sociais, se levantem em favor das eleições diretas. 

As contradições políticas que levaram o impeachment da Presidenta Dilma Rousseff eclodem nas mais variadas formas. Delações, gravações, escutas e muitas provas revelam que a intenção de tirar a Presidenta do cargo era simplesmente para que a farra da corrupção ganhasse mais força e seus praticantes conseguissem camuflar os escândalos e rombos financeiros nos cofres públicos. Os pacotes de maldades que prejudicam bruscamente a classe trabalhadora, como a reforma trabalhista, previdenciária e o PL da terceirização que passou, estão na ordem do dia para que na marra, aprove os retrocessos sem a opinião do povo brasileiro.

A nossa recente democracia custou muito caro, essa crise de representatividade não dialoga com a possibilidade de haver um acordo político que dê ao povo brasileiro a possibilidade de escolher suas respectivas representações no poder executivo.                     

O acúmulo de debates em torno das ‘DIRETAS JÁ’ necessita estar vinculado a novas eleições gerais. Afirmo isso porque em qualquer cenário possível para o novo presidente, seja o Lula ou um candidato do PSDB/DEM ou de outro partido, não terá a garantia de uma possível estabilidade politica. Sem a correlação de forças nas estruturas de poder, que é balizadora para uma reprogramação e repactuação da politica nacional, veremos a caótica penumbra encarada por nós revestida de  desemprego, falta de investimentos na educação e saúde, dentre outros inúmeros retrocessos.  

Não podemos falar de eleições diretas sem antes colocar em destaque a urgência de uma reforma política. Que ela venha colocar o povo brasileiro na linha de frente da reestruturação da politica nacional, através da consulta popular por meio de plebiscitos e culminar em uma assembleia constituinte. 

Com a consumação do nefasto impedimento, o recrudescimento da crise econômica, social e política, que se abate sobre o País, já deixa reflexos desumanos, como no caso do aumento expressivo de homicídios no país que afeta principalmente o povo negro nas favelas e periferias Brasil a fora. Nossas vozes se levantam em favor das eleições diretas, sob a evocativa bandeira das “Diretas Já”.

* Walmyr Junior é morador de Marcílio Dias, no conjunto de favelas da Maré, é professor, membro do MNU e do Coletivo Enegrecer. Atua como Conselheiro Nacional de Juventude (Conjuve). Integra a Pastoral Universitária da PUC-Rio. Representou a sociedade civil no encontro com o Papa Francisco no Theatro Municipal, durante a JMJ.