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Tu vens, eu já escuto seus sinais

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Um novo tempo se inicia e nos impulsiona a experimentar os ciclos de mudanças que fecunda nosso coração de amor e paz. Presépio montado com direito a pisca-pisca, pastores, animais, arvore com bolas coloridas, e todas as decorações possíveis para iniciar a festa do Natal.  Vivemos neste último fim de semana a renovação do tempo litúrgico da Igreja Católica. 

O Advento nos leva ao novo, nos leva a viver em cada momento litúrgico a mística do projeto de Jesus, nos permite uma autêntica e profunda experiência comunitária. Encarnado no seio de Maria, Ele também encarna no meio do seu povo. Nasce em nosso meio, para nos ensinar a compreender qual é o sentido existencial da nossa vida, sobre o sentido dos nossos atos e práticas do nosso cotidiano.

A provocação da pedagogia de Jesus vem até nós para que possamos viver de forma intensa a alegria expectante e vigilante do espirito do Natal. São frutos dessa experiência: a esperança, a paz inquieta, a pobreza, a conversão constante, a caridade, dentre outras graças.

Reconhecer no Advento um tempo de profunda ressignificação dos passos já dados, é dar significância para o real encontro com o projeto de vida proposto por Jesus no ato de seu nascimento, que nos impele a projetar, a partir Dele e Nele, nossos passos presentes e futuros.

O Advento tem no Natal o seu ápice, porém, a vinda do menino de Belém tem a única função de nos libertar. Primeiro nos libertar do proselitismo. Lutar contra a cultura do dar presente e pautar nossas relações na cultura do ser presente já sinaliza um passo bem afirmado. 

Seguido da libertação da avareza. Vejamos: podemos pensar em abrir mão dos presentes de natal ganhado no ano passado e dar de presente para os mais pobres, mais excluídos, mais famintos. Quantas vezes que a nossa sobra é a necessidade do outro?  

E que tal nos libertar da luxúria? Fico a pensar que no meu lugar de fala, no meu trabalho em particular, ao invés da festa de fim de ano, poderíamos reverter tais custos para instituições de caridade, não é? Será que aqui estamos prontos para isso?  

Bom, falar dos incômodos que intolerância nos traz, me remete a pensar o quanto seria perfeito que nenhum fiel considerasse a sua religião mais perfeita que a do outro. Acredito que o Menino do presépio veio para todos! Afinal, vai nos ensinar depois sobre o Pai nosso, e não o pai meu ou pai seu, mas sim de todas as pessoas. Já dizia Frei Beto: “Não há como professar o “Pai Nosso” se o pão também não for nosso, mas privilégio da minoria abastada”. Jesus nasce para ensinar a humanidade a se amar. 

O Natal é tempo de nos libertar da solidão, de nos ver sentados à mesa cheios de afeto, com o amor transbordante. Sem ambições, amarguras, ódio ou coisa do tipo. O Menino Deus que nasce para humanidade nos religa à dinâmica de relação com o criador. 

Vamos aprofundar mais sobre essas experiências. Faremos aqui na Coluna Juventude de Fé, um itinerário para que, semanalmente, possamos partilhar mais um pouco das experiências que faremos nesse tempo de alegria, tempo de conversão, tempo de Advento. 

* Walmyr Junior é morador de Marcílio Dias, no conjunto de favelas da Maré, é professor, membro do MNU e do Coletivo Enegrecer. Atua como Conselheiro Nacional de Juventude (Conjuve). Integra a Pastoral Universitária da PUC-Rio. Representou a sociedade civil no encontro com o Papa Francisco no Theatro Municipal, durante a JMJ