ASSINE
search button

Os desejos juvenis de mudar o mundo através das eleições

Compartilhar

A juventude é um dos segmentos da sociedade mais atingido negativamente pelas políticas públicas. A falta de investimentos do Estado precariza a vida das juventudes nas cidades e no campo. Vimos timidamente iniciar, nos últimos 13 anos, uma mudança desse quadro com a retomada do papel da juventude na formulação de politicas publicas para juventude, através da SNJ (Secretaria Nacional de Juventude). Minimamente foi pautado o acesso ao mercado de trabalho, o extermínio da juventude negra e a necessidade de desenvolvimentos de redes de juventudes para consolidar o pacto das juventudes. 

Apesar da melhoria nas condições de vida da maioria da sociedade, as manifestações de junho de 2013 revelaram que a juventude quer avançar e quer ser protagonista da sua história. Uma nova dinâmica social, alterada essencialmente pelos novos modos de trabalho e de interação via as redes sociais, exige formas mais radicais de participação política e ampliação dos direitos na perspectiva de permitir que os jovens sejam protagonistas de suas próprias vidas, que possam viver plenamente as suas juventudes.

Para isso, um conjunto de temas é essencial para serem debatidos e defendidos nas eleições deste ano. Queremos saber quais sãos as propostas, bandeiras e ações que viabilizem o fortalecimento do espaço público como local privilegiado de efetivação de direitos para toda a juventude.

A construção de um Estado democrático de direitos deve ter por objetivo a constituição de espaços efetivos de participação, orientados pelos interesses públicos.

Além das políticas de educação e de geração de emprego, é prioritário pautar como se dá o acesso da juventude às políticas de mobilidade urbana, o acesso a cultura e lazer e a garantia do trabalho decente. Uma parcela significante da juventude, em especial das favelas do Rio de Janeiro, continua tendo pouco acesso a bens culturais, educação de qualidade e saúde. 

Podemos pensar o quanto importante é a integração de projetos culturais, tendo o jovem como produtor da cultura, à projetos de educação, envolvendo a juventude dentro do processo dialético de troca de conhecimentos e de transmissão de saberes. Ou podemos pensar ainda na inclusão digital para a juventude, como possibilidade de acesso à informação, viabilizando nas vantagens educacionais que este mecanismo pode proporcionar. A universalização da internet deve ser um direito garantido e não uma opção para poucos que detém recursos financeiro para acessar a web. 

Sabemos que muitos jovens são colocados em situação de vulnerabilidade pelo próprio Estado. A juventude preta e favelada tem seus direitos violados cotidianamente, o que pode ser facilmente observado pelo número de jovens exterminados todos os anos. 

Quero traçar um itinerário de debates e entrevistas para que a coluna ‘Juventude de Fé’ seja esse espaço do Jornal do Brasil, para que as juventudes candidatas aos cargos eletivos possam ter a oportunidade de falar sobre aquilo que acham que pode vir a ser um novo panorama de garantia de direitos a partir das políticas públicas de juventude. 

* Walmyr Júnior é morador de Marcílio Dias, no conjunto de favelas da Maré, é professor, membro do MNU e do Coletivo Enegrecer. Atua como Conselheiro Nacional de Juventude (Conjuve). Integra a Pastoral Universitária da PUC-Rio. Representou a sociedade civil no encontro com o Papa Francisco no Theatro Municipal, durante a JMJ.