A instalação do pedido de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) feito pelo deputado Marco Feliciano (PSC-SP) é mais um dos passos dados para criminalizar os movimentos sociais no Brasil. Hoje é a CPI da UNE. Mas amanhã poderá ser a CPI dos sindicatos, do MST, do movimento negro, dos índios, das entidades feministas e de luta pelos direitos da população LGBT. Sabemos que a intimidação feita pelo Congresso tem um sentido único: amedrontar aqueles e aquelas que não sairão da rua até acabar a ameaça da democracia.
Vale lembrar que a UNE (União Nacional dos Estudantes) é historicamente uma das entidades brasileira mais fortes, representativa e legítima do movimento social brasileiro. Sempre esteve na luta por uma educação de qualidade, na defesa do patrimônio nacional e por justiça social.
Sabemos que foi a UNE que lutou bravamente contra a ditadura, pela campanha o ‘Petróleo é nosso’, pelo Fora Collor, pelo fim da ALCA e do FMI. Conquistou o Prouni, o Reuni, lutou pelas Cotas Raciais no ensino superior, garantiu o Fundo Social do Pré-Sal e pautou os 10% do PIB para a educação.
Já escrevi em outra coluna referente a esse tema que “os que supostamente querem investigar a UNE, são os mesmo que a incendiaram na noite de 31 de março em 1964, os mesmo que em 2015 conduziram o massacre de centenas professores e estudantes em Curitiba, os mesmo que comandam a violência contra secundarias em São Paulo, Goiás e Rio de Janeiro, os mesmos que diariamente disseminam e incitam o ódio, o machismo, a discriminação racial, a intolerância religiosa e homofobia”.
https://www.jb.com.br/juventude-de-fe/noticias/2016/04/07/a-une-somos-nos-nossa-forca-e-nossa-voz/
A elite conservadora brasileira nunca se conformou com avanços sociais dos últimos anos. São eles que alimentam a cultura ódio, que não abrem a mão dos seus privilégios que são as forças reacionárias que literalmente começaram a sair do armário ressuscitando fascismo em nosso país.
Hoje a sociedade brasileira foi às redes sociais mandar um recado para a nossa população. Diversos movimentos sociais e pessoas independentes contrários à CPI da UNE promoveram um tuitaço e colocaram a tag #QueremCalarAUne na segunda colocação dos assuntos mais comentados do Twitter no Brasil e quinta colocação no mundo todo.
A instalação da CPI está agendada para a próxima quarta-feira, às 14h, horário de Brasília. Estaremos na linha de frente lutando contra essa intimidação que o congresso quer empurrar goela a baixo, provocando o medo e a perseguição. Não se preocupem, nas ruas daremos o recado: A UNE somos nós, nossa força e nossa voz!
* Walmyr Júnior é morador de Marcílio Dias, no conjunto de favelas da Maré, é professor, membro do MNU e do Coletivo Enegrecer. Atua como Conselheiro Nacional de Juventude (Conjuve). Integra a Pastoral Universitária da PUC-Rio. Representou a sociedade civil no encontro com o Papa Francisco no Theatro Municipal, durante a JMJ