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Vamos caminhar juntos pela liberdade religiosa

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Cristãos, judeus, religiosos das matrizes africanas, muçulmanos, budistas, entre outros membros das mais variadas religiões presentes no Rio de Janeiro, se unem no próximo domingo, 20 de setembro, às 11, para realizar a Caminhada pela Liberdade Religiosa.

A liberdade religiosa é um direito garantido pela Constituição Federal, em seu artigo quinto, fruto de um movimento de redemocratização de nosso país, que entre tantas garantias nos dá o direito de culto religioso. Neste direito nos é proporcionada a valorização pessoal, a de nossos irmãos, a fraternidade e solidariedade, e de se colocar no lugar do outro. São valores sagrados, que nos trazem a dignidade humana, e colocam as pessoas não como subalternas ou melhores que outras, mas como irmãs e irmãos. Todos nós sofremos os mesmos “ais”, violência e injustiça social, racismos, e que, por isso, também, nos é dada a possibilidades de enfrentamento com gestos concretos de solidariedade, trilhando o caminho por um mundo melhor.

No Concílio Vaticano II, momento importante para a perspectiva de uma Igreja mais missionária e com um olhar mais atencioso para o mundo, foi elaborado um documento chamado Dignitatis Humanae, que tem como foco principal o sagrado direito pela liberdade religiosa e diz: ”ninguém seja obrigado a agir contra a própria consciência, nem se impeça de agir de acordo com ela, em particular ou em público”. 

Este princípio foi quebrado em junho deste ano, quando uma menina de 11 anos, que se chama Kaylane, foi apedrejada numa rua da zona norte do Rio de Janeiro por estar vestida com as roupas do candomblé. As religiões de matriz africana são as mais desrespeitadas e ultrajadas, inclusive, porque, historicamente, mesclado, tem o teor racista, em que tudo que se remetia ao povo negro era e é desvalorizado com o fim de melhor dominá-lo.

Atos fundamentalistas, infelizmente, acontecem todos os dias, mesmo que muitos os neguem e não os reconheçam. Estão camuflados, com argumentos falsamente evangélicos. Não podemos nos calar diante destas monstruosidades feitas a tantas Kaylanes que são apedrejadas ou de templos sagrados violados. A pedra que atingiu a menina candomblecista, atingiu Jesus, deve atingir a gente, e Ele jamais vai se calar: “Tudo o que fizestes a um destes pequeninos, a mim o fizestes” (Mateus 25).

Nós, membros da Pastoral Afro-Brasileira, Círculos Bíblicos, CEB’s, Pastoral da Juventude, outras pastorais e grupos, da Arquidiocese do Rio de Janeiro – esta é membro integrante da Comissão contra a Intolerância Religiosa - todos que colaboram com a Caminhada - , convidamos para que todos as mulheres e homens de boa vontade venham participar desta linda Caminhada.

* Walmyr Júnior é morador de Marcílio Dias, no conjunto de favelas da Maré, é professor e representante do Coletivo Enegrecer como Conselheiro Nacional de Juventude (Conjuve). Integra a Pastoral Universitária da PUC-Rio. Representou a sociedade civil no encontro com o Papa Francisco no Theatro Municipal, durante a JMJ.