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Viva o Servo de Deus, Dom Helder Câmara 

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Comemoramos nesta última semana o sinal verde dado pelo Vaticano para abertura do processo de canonização do pai dos pobres, Dom Helder Câmara. Símbolo internacional dos direitos humanos é candidato a santo da Igreja Católica. 

Jamais se apagará da história e o testemunho da presença ativa e consciente no centro da opção pela justiça social. Dom Helder não falou apenas pelo Brasil, mas por todas as periferias e favelas espalhadas mundo afora. Sua luta pela consolidação efetiva da ação católica, de Dr. Alceu Amoroso Lima e D. Sebastião Leme, gerou frutos infindáveis para a Igreja no Brasil. Não podemos esquecer da influência catalítica que legitimou a criação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Sua presença no Concílio Vaticano II trouxe à tona o desejo ‘revolucionário’ dos Bispos das catacumbas que marcaram com a solidariedade e a prática empírica do Evangelho, posicionamentos para além da mera retórica.

Lutou ativamente pelos pobres das favelas cariocas incidindo diretamente na fundação da Cruzada São Sebastião. Saiu das favelas do Rio de Janeiro para enfrentar o Brasil nordestino da lama, da vala negra, da mortalidade infantil, assim como denunciou no governo militar a tortura e o desaparecimento das vítimas.

Foi sem dúvida a voz que ecoava no deserto clamando por paz. Já dizia Dom Helder em um dos seus discursos: “Eu tenho fome e sede de paz. Dessa paz do Cristo que se apoia na justiça. Eu tenho fome e sede de diálogo, e é por isso que eu corro por todos os lados de onde me acenam, à procura do que pode aproximar os homens em nome do essencial... E falar em nome daqueles que são impedidos de fazê-lo.”

O pedido de beatificação de Dom Helder foi feito pela Arquidiocese de Olinda e Recife, para que a Santa Sé, em Roma, analisasse a possibilidade de que declarar Dom Hélder um santo. Nesta semana chegou a carta informando que não há qualquer impedimento para seguir adiante com o que chama de “causa de beatificação e canonização”. Dom Hélder, de imediato, já passa a ser considerado servo de Deus.

Discursos memoráveis são fontes de inspiração para aqueles que, como Dom Helder, buscam incessantemente por uma causa a que dedicar à vida. 

“Quando eu dou de comer aos pobres, me chamam de santo. Quando eu pergunto por que eles são pobres, me chamam de comunista!” 

“Se a política é fazer que os direitos humanos fundamentais sejam reconhecidos por todos, esta política não é somente um direito, mas um dever para a Igreja.”

Que a primavera em que vivemos na Igreja, conduzida pelo Papa Francisco, possa nos surpreender com mais notícias como essa. Que se apresente novos santos para o povo de Deus como Gisley, Doroti, Guido dentre tantos outros anônimos que ofertaram gratuitamente suas vidas pela construção da civilização do amor. 

*Walmyr Júnior é professor. Representante do Coletivo Enegrecer como Conselheiro Nacional de Juventude - CONJUVE. Integra Pastoral da Juventude e a Pastoral Universitária da PUC-Rio. Representou a sociedade civil no encontro com o Papa Francisco no Theatro Municipal, durante a JMJ.