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Os turistas da Copa e os peregrinos da JMJ 

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A Copa do Mundo da Fifa no Brasil tem sido chamada de ‘a Copa das Copas’ pela mídia internacional, porém toda a magia e o encanto do futebol bem apresentado em campo pode perder o brilho se olharmos para o impacto ambiental que as cidades estão sofrendo por causas dos jogos. Digo isso pela quantidade de lixo que os turistas estão deixando nas mediações dos estádios e nos locais dos eventos relacionados à Copa do Mundo. 

Segundo a reportagem do Jornal do Brasil (3/7), vem sendo produzida uma quantidade absurda de lixo por conta das atividades relacionadas à Copa do Mundo. Essa produção vem batendo recordes em diversos locais. Segundo a matéria, só no Rio de Janeiro, “desde o início da Copa, no dia 12 de junho, até o dia 30, um total de 364,3 toneladas de lixo foi recolhido nas principais regiões afetadas pela Copa.”

>> Mais de 360 toneladas de lixo já foram recolhidas durante a Copa

Fico impressionado como os turistas da Copa do Mundo não têm uma preocupação em cuidar da nossa cidade. Só nas mediações do Fifa Fan Fest, em Copacabana,  343 toneladas de lixo desse total de 364 toneladas foram recolhido pela Comlurb. 

A dignidade do povo brasileiro está sendo colocada em detrimento da boa acolhida dos turistas da Copa. São turistas que não pagam impostos, ocupam nossos estacionamentos, urinam e fazem suas necessidades nas ruas e nas praias. Tratam nossas mulheres como mercadorias e pouco se importam em nos ofenderem quando estão em seus ‘bandos’. 

A 28ª Jornada Mundial da Juventude, que aconteceu de 23 a 28 de julho de 2013 no Rio de Janeiro, contou com a presença de 3 milhões de peregrinos.  Na JMJ, a Comlurb recolheu nos cinco dias de eventos 345 toneladas de lixo em locais por onde passaram os fiéis. Esse número surpreende por representar 9% a menos do registrado somente durante o último réveillon da Praia de Copacabana. Em uma comparação com o último carnaval no Rio de Janeiro, observamos que a JMJ gerou incríveis 292 toneladas a menos de resíduos. 

O Brasil foi testemunha que o perfil de consumo dos peregrinos, somado à conscientização dos jovens, explicam o bom resultado da Jornada. Os valores que os peregrinos possuem permitiram que um evento com três milhões de peregrinos não tenha trazido nenhum tipo de problema para a população brasileira, especificamente a carioca. 

Ao contrário do turista padrão Fifa, os peregrinos da JMJ sabem conviver em harmonia e respeitar, não só o meio ambiente mas também a população do país que o recebe. Acho que o turista da Fifa tem que aprender um pouquinho dos valores cristãos para poder viver bem em sociedade. 

* Walmyr Júnior Integra a Pastoral da Juventude da Arquidiocese do Rio de Janeiro, assim como a equipe da Pastoral Universitária Anchieta da PUC-Rio. É membro do Coletivo de Juventude Negra - Enegrecer. Graduado em História pela PUC-RJ e representou a sociedade civil em encontro com o Papa Francisco no Theatro Municipal, durante a JMJ.