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Eu morrerei de pé como as árvores...

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Sabemos que o último acontecimento (06/02) envolvendo a Polícia Militar e as manifestações no Rio de Janeiro gerou a morte de 02 pessoas: um ambulante e um cinegrafista. Também dois jovens estão presos por serem suspeitos de ter ateado fogo no artefato explosivo que ocasionou a morte do cinegrafista.

Quero aqui deixar meus sentimentos e minha solidariedade à família do vendedor ambulante Tasman Amaral Accioly, que morreu atropelado por um ônibus ao fugir da manifestação, assim como para a família do Jornalista da TV Bandeirantes Santiago Andrade. Quero também me colocar em profunda oração pela vida dos Jovens Caio e Fábio, é o futuro de mais dois jovens que está incerto e colocado em xeque.

Este breve poema de Dom Pedro Casaldáliga alimenta a utopia de continuar a lutar. Luta essa sempre enfraquecida pelas repressões e pela manipulação das informações que são ferramentas utilizadas pela grande mídia. Ainda que toda a imprensa, autoridades políticas e parte da opinião pública se levantem agora contra as manifestações, devemos ficar de pé e, se preciso, morrer de pé. A luta nas ruas não pode parar.

A utopia de lutar por nossos ideais nos impulsiona, nos deixa prontos para a luta pela vida, prontos para a luta pela igualdade, pelos direitos para todos os homens e mulheres. Prontos para lutar, sem distinção de raça ou de cor, de renda ou de gênero. Lutar de pé, como Cristo lutou, e testemunhou que a medida do amor é amar sem medida. Cristo que mesmo na cruz, de pé deu a vida para nos libertar.

"Eu morrerei de pé como as árvores. Me matarão de pé. O sol, como testemunha maior, porá seu lacre sobre meu corpo duplamente ungido. E os rios e o mar serão caminho de todos meus desejos, enquanto a selva amada sacudirá, de júbilo, suas cúpulas. Eu direi a minhas palavras: - Não mentia ao gritar-vos. Deus dirá a meus amigos: - Certifico que viveu com vocês esperando este dia. De golpe, com a morte, minha vida se fará verdade. Por fim terei amado!".

Dom Pedro Casaldáliga

* Walmyr Júnior Integra a Pastoral da Juventude da Arquidiocese do Rio de Janeiro. É membro do Coletivo de Juventude Negra - Enegrecer. Graduado em História pela PUC-RJ e representou a sociedade civil em encontro com o Papa Francisco no Theatro Municipal, durante a JMJ.