ASSINE
search button

2013: um ano de incoerências e desafios

Compartilhar

Vivemos um ano de 2013 com muitas incoerências e desafios. Um ano que teve em seus meses e dias, situações e acontecimentos que marcaram a nossa história. Um ano repleto de injustiças e catástrofes, mas também um ano que viu o sinal de esperança passar por aqui.

Iniciamos 2013 com um dos maiores acidentes do Brasil. A morte de 241 vítimas da tragédia da boate Kiss em Santa Maria. O incêndio que chocou o país ocorreu na região central do  Rio Grande do Sul e deixou 241 famílias reféns da tristeza e da saudade. Jovens que em busca de diversão foram vitimados pela irresponsabilidade das autoridades locais, dos donos da boate e da banda que causou o acidente no dia 27 de janeiro deste ano. O fogo teve início durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueiro, que fez uso de artefatos pirotécnicos no palco da espalhando fogo por todo o teto da boate que culminou na morte por asfixia dos jovens.

Outro ponto a ser tocado nessa analise do ano de 2013 foi a nomeação do Pastor Marcos Feliciano para a Comissão de Direitos Humano da Câmara Federal. Deputado conhecido em espaços midiáticos por declarações discriminatórias e homofóbicas. Feliciano é um representante de uma parcela da sociedade que reivindica os direitos humanos somente para os seus pares.

Curioso é que outro pastor, que possui características parecidas com a do deputado acima citado. O pastor Marcos Pereira, também muito polêmico por conter rebeliões nos presídios no Rio de Janeiro, foi  condenado à prisão por estupro e denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) em São João de Meriti por este crime e por muitos outros. Entre os processos de lavagem de dinheiro e associação ao tráfico, o de crime ambiental é mais um que terá que enfrentar na justiça. O pastor é acusado por danos à Reserva Biológica do Tinguá, na Baixada Fluminense, por conta da construção de um heliponto e de uma residência no local.

Muitas lutas se travaram este ano. Não podemos esquecer as históricas jornadas de junho. O grito de um gigante entoou nas ruas de todo o país para reivindicar direitos. Direito a cidade, a moradia, a educação, a saúde, a qualidade de vida, a segurança, e tantas outras bandeiras que fizeram das ruas um grande palco para o povo dizer quem toca as rédeas da sociedade. Iniciado pelo aumento abusivo das tarifas de ônibus, e culminando em muita violência e criminalização dos movimentos sociais a população brasileira conseguiu mostrar seu potencial. Mostrou também que a violência sofrida nas ruas, pela criminalização dos movimentos sociais, não pode ser comparada com a criminalização da pobreza nas favelas. Os conflitos na favela não são com “balas de borracha”.

Dois acontecimentos que para mim são de muitas luzes. O primeiro foi a passagem do Santo Padre pelo Rio de Janeiro. Papa Francisco, fez sua primeira viagem internacional durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Cerca de 3,5 milhões de jovens coloriram as ruas cariocas com um show de civilidade, ousadia e profetismo. Esses jovens, com as ferramentas necessárias nas mãos protagonizam a construção da civilização do apor a partir da mensagem de Jesus de Nazaré. Esses Jovens que junto com o Papa Francisco, saíram da JMJ com a missão de espalhar o amor, a fé e a caridade, como resposta a tanta injustiça e desigualdade.

O segundo acontecimento está no ato louvável da Presidenta Dilma em contratar médicos estrangeiros para atender as populações mais carentes e desassistidas em nosso país. A proposta de irradicação da pobreza, segundo esse projeto, passa pela sobrevivência dessa população empobrecida. Políticas que geram vida para o povo que quer viver e não pode por está à mercê de uma lógica excludente, racista e preconceituosa.

Este ano foi marcado por muitas faces da política. Uma face da política que trata a educação como mercadoria, como nos casos das denuncias que foram feitas contra o grupo Galileu. Uma face da política que tem no profissional da educação como um saco de pancada, que serve de utilidade para provar o gosto do gás de pimenta e a qualidade do cassetete e bala de borracha do policial militar. Uma face da política que garante a manutenção do modelo corrupto, covarde e patriarcal da polícia militar. Uma face da política que não consegue responder onde está o Amarildo?

* Walmyr Júnior é graduado em História pela PUC-RJ e representou a sociedade civil em encontro com o Papa Francisco no Theatro Municipal, durante a JMJ.