ASSINE
search button

Criminalizar a juventude é condenar nosso futuro

Compartilhar

Um dos maiores problemas que nós vivemos hoje é a criminalização da nossa juventude. Sempre levamos a fama de irresponsáveis, imaturos, impulsivos e problemáticos. Nossas famílias sempre nos julgam por sermos a ‘ovelha negra’. A sociedade não nos dá nem vez, nem voz . A consequência de uma falta de credibilidade da juventude torna a liberdade, que é um dom, em um grande fardo, e assim condenamos nossas expectativas futuras.

Nosso direito de ser livre é condicionado aos interesses de muitos. Somos escravos de uma cultura consumista, temos que ser enquadrados em um padrão de beleza, em um padrão de comportamento e, ainda mais, em um padrão cultural, onde ser diferente não é normal.

Um dos fatores que mais gera a privação da liberdade dos jovens é a dependência química, onde muitos jovens se deixam escravizar pelo consumo desenfreado de drogas. Substâncias como o álcool, tabaco, maconha, cocaína, ecstasy, heroína e tantas outras, capitalizam um mercado consumidor que tem por maior clientela a parcela jovem da sociedade. As drogas estimulam nossa juventude a tentar a conquista da liberdade, ou seja, ser livre é sinônimo de poder fazer o que quiser com sua vida, inclusive o uso desenfreado de drogas.

Temos um grave problema. Atrelado ao consumo de drogas vemos a criminalização do uso, venda e distribuição. Como usar, distribuir e comercializar droga é crime, o seu maior consumidor é criminoso também. Assim a dinâmica da criminalização da juventude ganha força e sentido.

Os jovens à mercê desse contexto tornam-se a principal ferramenta para alimentar um sistema criminoso que só quer nos destruir. O jovem usuário e dependente sofre por não ter uma política de saúde e educação que possa orientá-lo, para o consumo ou recuperação, pois o Estado trata esse assunto como questão de segurança pública. Criminalizar as drogas, assim como tirar o jovem drogado das ruas, é limpar as calçadas para o turista ver como tudo é ‘bonitinho’.

A política de higienização da cidade tira o jovem, na maioria negros, das ruas à força. Impõem uma prática de remoção sem respeitar os direitos humanos daquele indivíduo, criminalizando-o ainda mais, impondo uma privação da sua liberdade para favorecer um suposto ‘bem estar social’.

Mas, as drogas não são os únicos motivos da criminalização da juventude. Enfrentamos o desafio diário por uma educação de qualidade, onde as políticas educacionais não estão preparadas para educar. O professor é tratado como mercadoria, seus esforços não são reconhecidos e seu desdobramento para semear futuros é tratado como uma piada.

O racismo é uma outra ferramenta que criminaliza a juventude. Compreendemos  racismo enquanto fenômeno que oprime a população negra ampliando as desigualdades, impondo opressões concretas e promovendo exclusões, sendo um elemento estruturante das relações que definem o acesso aos recursos, hierarquizam as relações de poder e condicionam pensamentos, ideias e instituições em nossa sociedade.

A truculência policial contra os jovens é um absurdo. Aonde tem um jovem, logo querem encontrar um sinal de fumaça para poder abordá-lo ou prendê-lo. O sistema carcerário não é composto por idosos, sua maior população é de jovens.

Trazer esse tema à tona é muito importante, porque é através de um desejo de liberdade autêntica que será possível redescobrir o valor da vida. O sentido da liberdade tem um efeito radical na vida do jovem, ao mesmo tempo que suas vontades estão em constantes mudanças. Uma escolha pode ser uma fator para escrever ou reescrever uma história.

A importância de se pensar sobre isso está ligada ao valor que a nossa vida possui. O impulso de uma atitude imatura leva diariamente muitos à beira de um suicídio, ou até mesmo a ele. Hoje, na sua juventude, homens e mulheres, têm em suas mãos o presente e o futuro desta sociedade. Temos que pensar nas escolhas que fazemos. São elas que mostram os caminhos a ser seguidos hoje e amanhã.