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Rosé com gelo é um ato bárbaro?

Rogerio Rebouças -
Capa da revista F' Art de Vivre do Le Fígaro.
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Na última sexta-feira, dia de São João e do solstício de verão no hemisfério norte, teve início oficialmente a estação mais quente do ano. Verão aqui quer dizer dias mais longos, muito sol, praia e rosé. O jornal Le Fígaro, líder entre os diários nacionais franceses, lançou na última terça, no seu caderno especial F, l'art de vivre (F' Arte de Viver), uma edição especial dedicada aos rosés.

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Capa da revista F' Art de Vivre do Le Fígaro. (Foto: Rogerio Rebouças)

A edição conta o esforço de Bordeaux em valorizar seus rosés que podem rivalizar com os da Provence, mas que encontram uma certa resistência do consumidor. Vai abrir grande espaço para os champagnes rosés e comentar vários rótulos. Tem uma muito boa entrevista com Guillaume Tari, proprietário do Domaine de La Begude na Provence e ex-presidente do AOC Bandol, ele critica o estilo de rosé muito pálido que virou uma marca registrada da Provence. " Sem cor, sem descoberta. Não é mais um rosé da Provence. É uma bebida politicamente correta, sem charme, sem nuanças, onde a cor, os aromas e o sabor não chamarão a atenção de ninguém. Os três são transparentes", afirma. Tari abre aqui uma polêmica e defende um estilo de Provence menos padronizado, com cores e sabor. Esse estilo exportação caiu nas graças do mercado americano que absorve 46% dos vinhos exportados pela Provence. A França produz 300. 200.000 litros de rosés por ano.

Numa página de opinião vamos ver o físico e professor universitário belga Fabrizio Bucella, convertido em sommelier, defender no seu artigo intitulado Dans ma piscine, literalmente Na minha piscina, o estilo de consumo bem francês de colocar gelo, bastante gelo, numa grande taça com vinho. Filosoficamente o professor pergunta: " -É um ato bárbaro? Os romanos na antiguidade tinham o hábito de colocar no vinho especiarias e adoçantes, colocar gelo no copo com certeza não os chocaria", ensina. "Vamos aproveitar a taça e parar de criar polêmica. Afinal, o que quer o povo?", conclui perguntando Bucella.

Sábias palavras já que o vinho francês mais vendido no Brasil, no último ano, foi o Rosé Piscine, aquele mesmo que pede para ser bebido com bastante gelo. Santé.