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Itália revogará concessão de empresa após queda de ponte

Desmoronamento de viaduto em Gênova deixou pelo menos 39 mortos

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O primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, anunciou nesta quarta-feira(15) que o governo revogará o contrato de concessão das rodovias da empresa Autostrade, 30% de propriedade da família Benetton, após o desmoronamento da Ponte Morandi, em Gênova, que deixou 39 mortos e 16 feridos. 

"Vamos iniciar o procedimento para revogar sem esperar os resultados em um tribunal penal", disse Conte, após participar de um conselho de ministros extraordinário, o qual reuniu o do Interior, Matteo Salvini, o de Desenvolvimento Econômico, Luigi Di Maio, e o de Infraestrutura, Danilo Toninelli. O governo italiano acusou a empresa de ter adiado os controles e a manutenção do viaduto. "Se eles não conseguiram gerenciar nossas rodovias, o Estado fará", reclamou Toninelli. Em sua conta no Facebook, o ministro de Infraestrutura ainda disse que "os dirigentes da Autostrade per I'Italia devem se demitir. E, considerando que ocorreram graves falhas, iniciamos os procedimentos para uma eventual revogação das concessões e para aplicar multas de até 150 milhões de euros".    

A empresa - que fechou 2017 com receita de quase 4 bilhões de euros, um lucro para o ano de 1,042 bilhões e investimentos de 556 milhões - se defendeu. " A Autostrade está trabalhando duro para definir o projeto para a reconstrução do viaduto, que seria completado em cinco meses pela disponibilidade total das áreas".    

Em nota, a companhia também afirmou que vai continuar a trabalhar com instituições locais para minimizar os transtornos causados pelo colapso. Além disso, ressaltou que "sempre cumpriu adequadamente suas obrigações".    

O ministro do Interior, Matteo Salvini, por sua vez, informou que "uma empresa que ganha milhões em pedágio deve explicar aos italianos porque não fez todo o possível para investir boa parte desse lucro em segurança".    

Ontem (14), um colapso estrutural provocou o desabamento do viaduto Morandi, depois da região ser afetada por uma forte chuva.    

Em pronunciamento, o premier da Itália decretou estado de emergência em Gênova durante 12 meses e determinou um dia de luto nacional, que "coincidirá com o dia da cerimônia fúnebre das vítimas", agendado para o próximo sábado (18).    

Além disso, o governo italiano também decidiu criar um fundo no valor de 5 milhões de euros para a cidade para as primeiras intervenções urgentes.    

Segundo Toninelli, para a reconstrução da Ponte Morandi serão utilizados os recursos do Plano Econômico e Financeiro da Autostrade, que vão ser debatidos em setembro, e outros recursos procedentes de dois fundos dedicados a intervenção em infraestruturas".    

A tragédia de Gênova confirmou a absoluta necessidade de um grande plano de investimento em infraestrutura pública e levantou um polêmico debate no país.    

"As empresas que administram nossas estradas embolsam os pedágios mais caros da Europa, enquanto pagam concessões a preços vergonhosos. Recebem bilhões, pagam uns poucos milhões de impostos e nem sequer fazem a manutenção necessária para pontes e estradas", criticou o ministro de Infraestrutura.    

De acordo com o ministro da Economia, Giovanni Tria, o governo está trabalhando em um projeto que será iniciado com o desbloqueio de investimentos e operações de manutenção. O plano já tem financiamento disponível. Em nota, Tria reforça que o "investimento em infraestrutura é uma prioridade do governo para a qual não haverá restrições orçamentárias". Ao todo, 150 bilhões em 15 anos foram alocados no orçamento. Estas são as primeiras medidas tomadas pelo governo da Itália um dia depois do trágico acidente.