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Joël Robuchon, o 'papa da gastronomia'

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Detentor do recorde absoluto de estrelas Michelin, o "papa dos chefs" Joël Robuchon, falecido nesta segunda-feira (6) aos 73 anos, liderava um império da gastronomia francesa, da qual ele era seu maior embaixador.

Segundo o jornal francês "Le Figaro", Robuchon morreu vítima de um câncer.

À frente de quase 30 estabelecimentos ao redor do mundo, foi em 1981 que este homem invariavelmente vestido de preto teve uma ascensão meteórica, depois de abrir o restaurante Jamin, em Paris.

De origem modesta - pai pedreiro, mãe dona de casa -, foi colecionando prêmios ao longo dos anos: "meilleur ouvrier de France" (melhor artesão da França, em 1976), "chef do ano" (1987), ou "chef do século" (1990), além de ser classificado pela imprensa anglo-saxã como "melhor do mundo".

Ele conquista sua primeira estrela em 1982 e entra no restrito círculo dos chefs três vezes estrelados apenas dois anos depois - algo inédito no mundo da gastronomia. Com mais de 30 estrelas em sua carreira, ele detém o recorde mundial.

Mas, inicialmente, o chef de olhos claros e voz doce parecia destinado ao sacerdócio: foi como aluno no Seminário de Mauléon-sur-Sèvres (centro-oeste da França) que ele toma gosto pela gastronomia, ajudando os religiosos no preparo das refeições.

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Aprendiz de cozinheiro em Poitiers (oeste), onde nasceu, assume o comando da cozinha do Hotel Concorde Lafayette, em Paris, com apenas 29 anos. Dirige 90 cozinheiros, servindo milhares de refeições por dia.

Sua criatividade e seu rigor não demoram muito tempo para serem percebidos.

É com seu "Restaurant Joël Robuchon", na avenida Poincaré em Paris, que o chef reabilita o purê de batatas, fazendo deste um de seus pratos emblemáticos, ao lado da geleia de caviar com creme de couve-flor, ou do gratin de macaron com trufas, aipo e foie gras. O estabelecimento três estrelas é consagrado "Melhor Restaurante do Mundo" pelo jornal americano "International Herald Tribune".

- Encantado com o Japão -

Em 1996, uma reviravolta: aos 51 anos, este pai de dois filhos fecha as portas de seu "três estrelas", explicando que não quer morrer de um ataque cardíaco provocado pelo estresse, como aconteceu com alguns de seus antecessores.

Por mais de dez anos, Robuchon participa de programas de televisão, com a ideia de tornar a cozinha mais acessível. Participa do programa "Bon appétit bien sûr", onde oferece verdadeiras lições culinárias, ao receber um chef, a cada semana, apresentando receitas simples e econômicas.

Em 2003, faz o caminho de volta aos fogões na França, mas não exatamente para a alta gastronomia. Seu célebre "Atelier de Joël Robuchon" não tem nada a ver com seu três estrelas da avenida Poincaré.

O conceito é simples, mas revolucionário: sentados em volta de um grande balcão, os clientes degustam uma cozinha "simples, mas com produtos excepcionais".

"Os tempos mudaram, e o consumidor procura uma cozinha que seja menos sofisticada, um lugar onde se coma bem, onde tenha um clima", explicou o chef à época.

Seu império de restaurantes gastronômicos se estende de Nova York a Macau, passando por Londres, Mônaco, ou Tóquio, com vários estabelecimentos estrelados em países asiáticos.

Sua filosofia: "o domínio da aliança dos sabores dos melhores produtos".

"É, realmente, o que há de mais bonito na cozinha", afirmava esse exigente chef, que confessava sua admiração pelos grandes nomes da gastronomia francesa Jean Delaveyne e Alain Chapel.

Em 2009, em uma entrevista à revista "Paris Match", Joël Robuchon reconhecia ter sido por muito tempo "intransigente", com "excessos" e "ataques de raiva".

Ligado ao Japão desde 1976, Joël Robuchon abre vários estabelecimentos no país ao longo dos anos. Ele afirma ter sido "fisgado pelo vírus da estética. Quanto mais eu avanço, mais eu me desapego".

Ele formou vários chefs, entre eles o britânico midiático e multiestrelado Gordon Ramsay.