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Polêmica de plástico: EUA permitem fabricação de armas com impressoras 3D

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WASHINGTON - A Segunda Emenda à Constituição dos Estados Unidos diz que todo cidadão tem o direito de portar e usar uma arma para se defender. Num país onde são comuns os tiroteios com vítimas fatais, a lei passou a ser questionada por muitos. Agora, as novas tecnologias trouxeram mais polêmica sobre a questão. O Departamento de Justiça determinou que manuais explicando como fabricar uma arma 3D a partir de material plástico podem ser disponibilizados na internet. Na prática, significa que qualquer pessoa que possua uma impressora 3D, que custa cerca de US$ 2 mil no país, poderá construir uma arma.

A decisão foi tomada após anos de disputa nos tribunais, iniciada quando um texano ativista do porte de armas, Cody Wilson, entrou na Justiça, amparando-se na Segunda Emenda, para poder fabricá-las a partir da tecnologia 3D. A medida é polêmica: as armas 3D são funcionais, feitas sem número de série, portanto não poderiam ser controladas, fáceis de esconder e não passariam em detectores de metais. 

Após a decisão de ser anunciada, políticos democratas expressaram grande preocupação com o fato. Cinco senadores do partido disseram que o acordo é “assombroso” e pediram explicações à Casa Branca. “O acordo permitirá que os manuais sejam publicados na internet para distribuição ilimitada a todos, incluindo criminosos e terroristas, tanto aqui nos Estados Unidos quanto no exterior”, afirma o comunicado assinado por eles. Na última quinta-feira, 42 deputados democratas também lamentaram a decisão do governo Trump, alegando que a mesma "só agravará a epidemia de violência com armas nos Estados Unidos”.

Os manuais poderão ser acessados no site do grupo Defense Distributed, que pertence a Cody Wilson. Em 2013, foi fabricada a primeira arma de fogo feita com uma impressora 3D nos EUA. As instruções de como fazê-la foram publicadas na internet. No entanto, o governo americano proibiu a divulgação do material. A partir daí, a Defense Distributed, ao lado da associação Second Amendment Foundation, criada para defender o direito dos americanos possuírem armas, iniciou a batalha legal pela liberação. 

Além de garantir o direito da fabricação das armas de plástico, Wilson ganhou US$ 40 mil de indenização. No site da organização, interessados são convidados a baixar o manual a partir de 1º de agosto. Apesar de assinado em 29 de junho, o acordo permaneceu em sigilo até que ativistas que buscam aumentar a regulamentação do uso de armas no país exigiram sua divulgação.