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Jovem palestina que bateu em soldados é solta

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CISJORDÂNIA - Ahed Tamimi, a adolescente que se tornou ícone da resistência palestina ao bater e repreender dois soldados israelenses, foi libertada ontem da prisão em Israel após oito meses de detenção. 

A jovem, 17, e sua mãe, que também foi presa após o incidente, foram levadas para Nabi Saleh, na Cisjordânia, território ocupado por Israel, informou o porta-voz da penitenciária israelense de Sharon.

Ao chegarem ao povoado, foram abraçadas por parentes e amigos que vieram recebê-las. A adolescente e seus pais entraram em casa sob os gritos “Queremos viver em liberdade!”. 

“A resistência continua até que a ocupação acabe”, disse Tamimi, aplaudida por seus partidários e diante de inúmeros jornalistas reunidos no local. Em uma entrevista coletiva dada pouco depois, a adolescente disse estar muito feliz por retornar, mas que “a alegria era ofuscada porque continua existindo prisioneiros detidos”. 

Tamimi se negou a responder perguntas de jornalistas de veículos israelenses, segundo ela pela cobertura injusta de seu caso. Questionada sobre seu futuro, a adolescente disse que quer estudar Direito para poder defender “a causa palestina”. 

Antes da coletiva, Tamimi visitou uma família que perdeu um parente em confrontos com soldados israelenses em junho. Depois, seguiu para Ramallah, onde depositou uma coroa de flores no túmulo do líder palestino Yasser Arafat. Ela então seguiu para a sede da Autoridade Palestina, onde se reuniu com o presidente da entidade, Mahmud Abbas. 

A jovem foi presa em 19 de dezembro de 2017, alguns dias após a gravação de um vídeo em que aparece batendo em dois soldados israelenses. As imagens viralizaram e foram compartilhada por milhares de pessoas. 

No vídeo, ela é vista se aproximando com sua prima Nour Tamimi de dois soldados israelenses que estavam no quintal de sua casa em Nabi Saleh. As duas adolescentes pedem que eles saiam, e em meio a uma discussão Tamini esbofeteia um deles e dá um soco em outro. A jovem tinha 16 anos quando foi presa. Em 21 de março, ela foi condenada a oito meses de prisão. Sua prima foi solta pouco dias depois. 

A jovem, cuja família é conhecida por seu ativismo contra a ocupação israelense, já havia se envolvido em outros incidentes com soldados. O caso ganhou bastante repercussão mundial e a adolescente se tornou um símbolo da luta palestina contra a ocupação israelense.

Para os defensores dos direitos humanos, o caso de Tamimi  é um exemplo dos abusos dos tribunais militares israelenses, que tem índices de condenação de palestinos de até 99%. 

Como a Cisjordânia é um território ocupado por Israel, os palestinos são julgados por tribunais militares.