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Calma na Faixa de Gaza após cessar-fogo entre Israel e Hamas

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Uma relativa calma reinava neste sábado (21) na Faixa de Gaza graças ao acordo de cessar-fogo entre Israel e o movimento islâmico Hamas, que controla o enclave, após uma escalada de violência que matou quatro palestinos e um soldado israelense na sexta-feira (20).

Embora Israel não tenha confirmado o acordo de trégua, que entrou em vigor logo após a meia-noite, os intensos ataques israelenses de sexta-feira em Gaza cessaram.

Também não houve nenhum novo foguete palestino disparado contra Israel, segundo fontes israelenses e palestinas.

O Exército de Israel anunciou, no entanto, que um dos seus tanques atacou na manhã deste sábado um posto militar do Hamas em resposta a uma tentativa de infiltração em Israel a partir do norte da Faixa de Gaza.

"Graças aos esforços do Egito e da ONU, chegamos a um acordo para retornar ao estado anterior de calma entre a ocupação [israelense] e as facções palestinas", declarou um porta-voz do Hamas, Fawzi Barhoum.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu neste sábado que israelenses e palestinos evitm "outro conflito devastador" depois que a violência ressurgente deixou cinco mortos na última sexta-feira.

"Estou muito preocupado com a perigosa escalada da violência em Gaza e no sul de Israel", disse ele em um comunicado. "É imperativo que todos os lados se afastem urgentemente de outro conflito devastador".

Na semana passada, após importantes confrontos entre Israel e Hamas, o movimento islâmico já havia anunciado um cessar-fogo com a mediação egípcia. Na ocasião, Israel também não confirmou o acordo, embora tenha cessado seus ataques.

Segundo a rádio pública israelense, o silêncio de Israel é explicado pelo desejo do governo de não dar a impressão de que está negociando com o Hamas, considerado uma organização "terrorista".

Outro funcionário do Hamas que preferiu não se identificar disse à AFP neste sábado que o novo acordo inclui "a cessação de qualquer forma de escalada militar", como ataques aéreos israelenses ou foguetes do Hamas.

Esta fonte explicou que o cessar-fogo não inclui as pipas e balões incendiários lançados de Gaza para o território israelense, que nas últimas semanas queimaram mais de 2.600 hectares.

O ministro da Defesa de Israel, Avigdor Lieberman, ameaçou nos últimos dias uma operação importante na Faixa de Gaza caso o Hamas não pare de lançar seus objetos incendiários.

- ONU pede calma -

Na sexta-feira, pouco antes da trégua entrar em vigor, Lieberman disse que se encontrou com o enviado especial da ONU para o Oriente Médio, Nickolay Mladenov, que pediu calma para Israel e o Hamas.

"Todo mundo na Faixa de Gaza tem que se afastar da beira do precipício. Não na próxima semana. Não amanhã. IMEDIATAMENTE", escreveu Mladenov no Twitter.

Na sexta-feira, dois palestinos foram mortos perto de Khan Yunes, no sul da Faixa de Gaza, em ataques israelenses a um posto de observação do Hamas, informou o Ministério da Saúde de Gaza.

Outro palestino foi morto em um bombardeio em Rafah e um quarto foi morto a tiros por soldados israelenses perto da área de fronteira no leste da cidade de Gaza, segundo a mesma fonte.

Por sua vez, o Exército israelense anunciou na sexta-feira a morte de um de seus soldados, morto por tiros palestinos na fronteira. Ele é o primeiro soldado israelense morto em Gaza desde a guerra de 2014 entre Israel e o Hamas.

A situação em Gaza é particularmente tensa desde 30 de março e o início de um movimento palestino para protestar contra o bloqueio israelense do território.

Desde essa data, pelo menos 149 palestinos foram mortos em Gaza pelo Exército israelense.

O enclave palestino, localizado entre Israel, Egito e o Mar Mediterrâneo, está sujeito há mais de 10 anos a um bloqueio terrestre, marítimo e aéreo imposto por Israel.

O Ministério da Defesa israelense suspendeu as entregas de combustível e gás através de Kerem Shalom até domingo, o único ponto de passagem de mercadorias entre Israel e a Faixa de Gaza.

Além disso, Israel reduziu a zona marítima acessível a pescadores em Gaza, um território onde 80% de seus dois milhões de habitantes recebem ajuda, de acordo com o Banco Mundial.

bur-jlr/mer/pc/ra/mr