ASSINE
search button

Montenegro rebate críticas de Trump e diz que contribui para a paz

Compartilhar

Montenegro respondeu nesta quinta-feira à definição que o presidente americano Donald Trump fez desse país báltico, destacando sua contribuição "para a paz e a estabilidade" do mundo.

Na véspera, Trump provocou mais uma polêmica ao chamar Montenegro de "país muito pequeno" e cujos habitantes são "muito agressivos", ao aparentemente questionar o princípio de defesa mútua da Otan, o que poderia desencadear um conflito mundial.

Este país turístico dos Bálcãs, às margens do Adriático, integrou a Otan em junho de 2017, apesar das violentas manifestações dois anos antes e a oposição de grande parte da população, em sua maioria eslavos e ortodoxos.

Podgorica reagiu aos comentários que o presidente americano fez ao ser indagado sobre a cláusula que estabelece que um ataque a um dos membros da Otan é um ataque contra todos.

"Se, por exemplo, atacarem Montenegro, por que meu filho deveria ir a Montenegro para defendê-los?" - perguntou um jornalista da Fox News na entrevista com Trump transmitida na noite de terça-feira.

"Entendo o que você está dizendo. Também me faço esta pergunta", respondeu o presidente em referência ao artigo 5 da cláusula de defesa comum da Otan.

"Montenegro é um país pequeno com gente muito forte (...). São pessoas muito agressivas. Podem ser tornar agressivos", disse Trump, dando a entender que tal comportamento poderia desencadear "a Terceira Guerra Mundial" ao provocar o compromisso de defesa mútua da Otan.

O governo de Montenegro decidiu então divulgar o seguinte comunicado.

"Com um exército de menos de 2.000 pessoas, Montenegro contribui para a paz e a estabilidade não apenas no continente europeu, como também em todo o mundo, junto aos soldados dos Estados Unidos no Afeganistão".

"É um Estado estabilizador na região, o único que não foi cenário de combates durante a desintegração da antiga Iugoslávia", acrescenta o texto.

Na véspera, o primeiro-ministro de Montenegro, Dusko Markovic, disse que o comentário de Trump "não está no contexto da justificativa da existência da Otan, mas do financiamento da Otan".

"Ele respondeu à pergunta em que disse que o povo montenegrino é corajoso e que ele não quer que os cidadãos dos EUA lutem e sejam mortos por outros países-membros da Otan", disse Markovic ao parlamento na noite desta quarta-feira na capital Podgorica.

Moscou tem sido acusado de interferir nas eleições de Montenegro e um fracassado golpe de Estado foi supostamente planejado por militantes pró-Rússia.

Os comentários de Trump foram muito criticados, inclusive por seus aliados republicanos.

"Trump semeia mais dúvidas sobre se os Estados Unidos, sob sua liderança, defenderão nossos aliados. Este é outro presente para (o presidente russo, Vladimir) Putin", escreveu no Twitter Nicholas Burns, embaixador americano na Otan após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.

"Ao atacar Montenegro e questionar nossas obrigações dentro da Otan, o presidente faz exatamente o jogo de Putin", lamentou o senador republicano John McCain no Twitter.

O artigo 5 foi invocado apenas uma vez, pelos Estados Unidos, após os ataques do 11 de Setembro contra Nova York e Washington dirigidos pela rede Al-Qaeda.

bur-ng/es/eg/cn