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Primeiras discussões sobre trânsito de gás russo para Europa foram positivas

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Os europeus se mostraram otimistas, nesta terça-feira, depois das primeiras discussões em Berlim sobre o futuro do trânsito através da Ucrânia do gás exportado pela Rússia, quando se expera um acordo antes do fim de 2019 para evitar novos conflitos energéticos.

Os diálogos foram realizados após as críticas lançadas pelo presidente americano Donald Trump contra um controverso projeto de gasoduto entre Alemanha e Rússia que isolará a Ucrânia ainda mais neste campo.

Depois das discussões com o ministro de Energia russo, Alexandre Novak, e o ministro ucraniano das Relações Exteriores, Pavlo Klimkine, o comissário europeu de Energia, o eslovaco Maros Sefcovic, avaliou que se apresentaram as bases para negociações frutíferas apesar da desconfiança entre Moscou e Kiev pelo conflito no leste da Ucrânia e a anexação da Crimeia.

"Tivemos uma discussão muito franca, e acho que é muito importante para construir a confiança", disse Sefcovic. Ele anunciou que até o outono boreal serão realizadas reuniões de especialistas e, em seguide, a nível político. "O relógio está correndo", alertou.

Já o ministro russo disse à AFP que "as discussões se desenvolveram em uma atmosfera construtiva, mas é verdade que o que está em jogo é particularmente complicado e merece mais discussões para poder avançar".

Os protagonistas dessas negociações, russos e ucranianos, não apareceram juntos publicamente.

"Estamos dispostos a prolongar o contrato existente", afirmou o emissário russo, embora tenha exigido que os litígios do acordo anterior, acerca de volumes e tarifas, sejam resolvidos na Justiça - referindo0se à controvérsia entre a empresa de gás russa Gazprom e a ucraniana Naftogaz.

Nos últimos anos, a Gazprom reduziu consideravelmente o volume de gás que passa pela Ucrânia, que teme ver seu papel de país de trânsito reduzido.

Ambos os países se enfrentam desde que a Rússia anexou a Crimeia em 2014 e pelo conflito no leste da Ucrânia.

No fim de 2019, dois gasodutos que fazem fronteira com o território ucraniano têm de entrar em serviço, o germano-russo Nord Stream 2, e o turco-russo, Turkish Stream, o que privaria Kiev de uma fonte financeira e de uma arma de peso contra a Rússia

"Está claro que o tempo urge e que as negociações que nos esperam são complexas", disse Sefcovic em comunicado publicado antes da reunião.

Os volumes que transitam pela Ucrânia foram consideravelmente reduzidos consideravelmente com a inauguração, em 2011, do gasoduto Nord Stream 1 ligando a Rússia à Alemanha através do Báltico.

Agora, Moscou quer reduzir ainda mais o trânsito do seu gás pela Ucrânia por meio de dois projetos de gasoduto que evitam o país: o Turkish Stream, que transita pela Turquia, e o Nord Stream 2, que deve entrar em funcionamento no fim de 2019.

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