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Irmãos são condenados por espionar políticos na Itália

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Os irmãos Giulio e Francesca Occhionero foram condenados nesta terça-feira (17), respectivamente, a cinco e quatro anos de prisão por espionagem cibernética contra sites institucionais e personalidades políticas da Itália.

A pena foi imposta pelo Tribunal de Roma, que também determinou interdição perpétua de cargos públicos para Giulio e de cinco anos para Francesca. Além disso, eles podem ter de pagar cerca de 40 mil euros em multas aos órgãos monitorados, como os ministérios das Relações Exteriores e de Finanças e a Região do Lazio.

Ao ouvir a sentença, a mãe dos réus gritou "não é justo".

Segundo a denúncia, os Occhionero monitoraram mais de 3,5 milhões de mensagens eletrônicas e cerca de 6 mil pessoas desde 2004, por meio de um malware chamado "Eye Piramid", que permite controlar computadores à distância.

Entenda - A investigação começou em maio de 2016, quando um servidor da Entidade Nacional de Assistência ao Voo (Enav), responsável pelo controle de tráfego aéreo na Itália, percebeu que dirigentes da estatal haviam recebido emails suspeitos de um escritório de advocacia.

O funcionário analisou o conteúdo das mensagens e descobriu que o escritório, assim como outros concorrentes, tinha sofrido um ataque informático que permitira que hackers usassem suas contas para enviar emails com malware. Na época, a Enav estava para abrir capital na Bolsa de Milão, um período no qual circulavam por seus correios eletrônicos mais informações sigilosas do que de costume.

A estatal comunicou o ocorrido à Polícia Postal, que se ocupa de inquéritos sobre crimes cibernéticos e chegou ao nome dos irmãos Occhionero, supostos "gestores" da rede criada em torno do malware.

Em seis anos, eles teriam listado 18.327 contas de vários tipos e obtido as senhas de 1.793 delas. Com isso, teriam tido acesso a informações e arquivos confidenciais dos usuários desses endereços. Os dados foram catalogados em diversas pastas, sendo que uma delas se chamava "Pobu", que, segundo a acusação, significa "Political & Business" ("Política e Negócios").

Giulio é engenheiro nuclear e diretor de uma empresa chamada Westlands Securities, que opera no setor de investimentos financeiros. Já Francesca é formada em química, mas sempre trabalhou com o irmão.

Os dois tentaram violar até as contas de email dos ex-primeiros-ministros Matteo Renzi e Mario Monti e do presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi. Eles alegam, contudo, que não há qualquer prova de subtração de dados.