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Dois belgas acusados de atentado frustrado contra oposição iraniana na França

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Um casal de belgas de origem iraniana foi acusado nesta segunda-feira (2) em Bruxelas de ter planejado um atentado com explosivos dois dias antes contra uma concentração da oposição iraniana na França, da qual responsáveis ocidentais participavam.

O casal foi detido no sábado em uma comuna de Bruxelas com 500 gramas de explosivos em seu carro, anunciou a Promotoria federal belga em um comunicado nesta segunda.

Os dois são suspeitos de querer cometer um atentado com bomba no sábado em Villepinte, ao norte de Paris, durante uma concentração organizada pela Organização dos Mujahidines do Povo Iraniano (MEK).

Participavam da reunião 25 mil pessoas, entre as quais havia duas personalidades próximas ao presidente americano, Donald Trump: o ex-presidente do Congresso Newt Gingrich e o ex-prefeito de Nova York Rudy Giuliani.

Nesta segunda-feira foram acusados de "tentativa de atentado terrorista e preparação de uma infração terrorista".

Amir S., de 38 anos, e sua esposa Nasimeh N., de 33, foram interceptados no sábado em seu carro Mercedes, no qual os policiais descobriram "cerca de 500 gramas de TATP", triperóxido de triacetona, um explosivo usado nos atentados de Paris de novembro de 2015 e de Bruxelas em março de 2016, entre outros.

Também descobriram "um mecanismo de detonação escondido em uma nécessaire", detalhou o comunicado. Recorreram aos serviços de desminado para explodir o conteúdo de forma controlada.

A investigação, realizada em cooperação com as autoridades judiciais francesas e alemãs, levou à prisão de três suspeitos, que foram colocados em detenção provisória na França, e de um diplomata iraniano na Áustria, e que era o contato do casal na Alemanha.

Também inspecionaram cinco localidades da Bélgica, embora não tenham informado os resultados.

- Colaboração europeia -

"O atentado terrorista pôde ser frustrado graças à colaboração entre os serviços de segurança do Estado belga e as autoridades francesas e alemãs", afirmou a Promotoria belga.

A Organização dos Mujahidines do Povo Iraniano é um partido de oposição fundado em 1965 e proibido pelas autoridades iranianas desde 1981, explicou a Promotoria.

"Mais uma vez, a boa colaboração entre países sócios europeus deu frutos", destacou o primeiro-ministro, Charles Michel, em uma mensagem no Twitter.

O ministro belga do Interior, Jan Jambon, tuitou que "nunca se tratou de um projeto de atentado na Bélgica" e assinalou que não modificaram o nível de ameaça no país.

O Conselho Nacional da Resistência Iraniana (CNRI), uma entidade próxima à Organização dos Mujahidines do Povo Iraniano, acusou nesta segunda-feira o governo de Teerã de fomentar o projeto de atentado.

O CNRI pediu o "fechamento" das representações diplomáticas iranianas na Europa, as quais acusa de serem "centros de espionagem" e "de preparações terroristas".

O anúncio do projeto de atentado coincidiu com a chegada à Suíça do presidente iraniano, Hasan Rohani, para uma visita que Teerã considera de "vital importância" para a cooperação entre a República Islâmica e a Europa após a saída dos Estados Unidos do acordo nuclear com o Irã.

O ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohamad Javad Zarif, por sua vez, considerou, nesta segunda-feira, o projeto de atentado como um "estratagema" para prejudicar o Irã.

"Que oportuno: justo quando embarcamos para uma visita presidencial à Europa, uma suposta operação iraniana (ocorre) e seus 'conspiradores' são detidos", tuitou Zarif.

"O Irã condena sem equívocos qualquer forma de violência e terrorismo, seja de onde for, e está disposto a trabalhar com todas as partes envolvidas para revelar um estratagema sinistro realizado sob uma falsa bandeira", concluiu.

O presidente Rohani também irá para a Áustria, país que assumiu em 1º de julho a presidência de turno do Conselho da União Europeia.