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Quase todos os presos ou ex-presos podem ser candidatos no México

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A violência e a corrupção no México se tornaram cotidianas, a tal ponto que poucas pessoas ficam surpresas com as candidaturas, para as eleições de 1o. de julho, de pessoas que são ou já foram alvos de processos penais.

A seguir uma lista de alguns dos casos mais significativos:

- Francisco López é candidato pelo governista Partido Revolucionário Institucional (PRI) à prefeitura de San Carlos, Tamaulipas, estado na fronteira México-EUA. Está preso, acusado de homicídio, mas sua família e aparentemente boa parte dos moradores do município o consideram inocente.

"Tenho certeza de que meu pai não fez nada do que é acusado, não só eu tenho certeza, todo o povo de San Carlos tem certeza de que meu pai 'Kiko' López é inocente do que é acusado porque ele sempre se dedicou à agricultura, mais nada", disse à AFP Fernanda López, 15 anos, que se tornou porta-voz do candidato.

Fernanda, que admitiu que em alguns momentos se sentiu sozinha na campanha, afirma que se o pai vencer a prefeitura e continuar na prisão, o seu vice será o responsável por governar.

Francisco López foi detido em 19 de maio, também acusado de associação criminosa. No México, enquanto a sentença não é anunciada, o que às vezes demora anos, os cidadãos não perdem os direitos políticos. E os recuperam depois de cumprir a condenação.

"Continua sendo o nosso candidato e temos certeza de que vai superar a situação que está atravessando (...) Temos certeza de que, da prisão, vencerá a eleição", declarou à AFP Sergio Guajardo, dirigente do PRI em Tamaulipas.

- O ex-jogador de futebol Cuauhtémoc Blanco, de 45 anos, terceiro maior artilheiro da história da seleção mexicana, foi prefeito de Cuernavaca, no estado de Morelos. Foi acusado de corrupção, desvio de dinheiro, falsificação de documentos e até vínculos com o crime organizado.

Agora é candidato ao governo de Morelos por uma coalizão de partidos de esquerda (Morena, Encontro Social e Partido do Trabalho).

"Quando representava a seleção mexicana eu fazia isto por meu país, fazia por todos vocês. Acreditem, não vou falhar com vocês. Acreditem, eu não sou como estes governantes bastardos", disse o ex-jogador no discurso que iniciou sua campanha.

- O partido local 'Podemos Mover Chiapas', em aliança com o PRI e o partido Verde, tem como candidato Enoc Díaz, ex-prefeito de Pueblo Nuevo Solistahuacán, que foi preso em 2015 acusado de tortura, abuso de autoridade e associação criminosa. Ele disputa a eleição para o mesmo cargo que já ocupou.

"É humano cometer erros, é tolice permanecer no erro", declarou à AFP Enoc Hernández, dirigente do 'Podemos Mover a Chiapas'.

"Tomara que o tempo que passou privado de sua liberdade tenha servido para mudar sua atitude", completou Hernández, antes de afirmar que o candidato foi absolvido e que seu colega de partido tem "muita liderança" na região.

- Carlos Lomelí, candidato do esquerdista Movimento Regeneração Nacional ao governo de Jalisco, apareceu como sócio do jogador de futebol Rafael Márquez em uma empresa supostamente vinculada com um narcotraficante que está em uma prisão de segurança máxima, de acordo com o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos.

Lomelí apresentou duas supostas cartas das autoridades mexicanas e do Departamento do Tesouro que o eximem de qualquer responsabilidade.

Em sua declaração de bens, Lomelí informou um patrimônio de 9,9 milhões de dólares, incluindo um avião, um iate e obras de arte.

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