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Explosão durante comício na Etiópia causa vítimas

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Uma explosão neste sábado (23) durante um comício na presença do primeiro-ministro etíope Abiy Ahmed, no centro da capital Addis Abeba, causou pânico e vários mortos, segundo o próprio premiê, citado pela imprensa.

"Todas as vítimas são mártires do amor e da paz", declarou Abiy, segundo a rádio-televisão Fana Broadcast Corporate, próxima ao governo.

O primeiro-ministro, que deixou rapidamente o palanque após a explosão, estimou que o incidente havia sido planejado por grupos que procuram desacreditar este encontro e mais amplamente o seu programa de reformas.

Diante de milhares de pessoas reunidas na praça Meskel, Abiy acabava seu discurso e cumprimentava a multidão quando uma explosão de origem indeterminada aconteceu, provocando pânico entre as pessoas, constatou um jornalista da AFP no local.

Tratava-se do primeiro discurso público em Addis Abeba de Abiy depois de sua nomeação para o cargo em abril, e tinha um caráter bastante simbólico em sua campanha para explicar suas reformas.

Desde que tomou posse, depois de mais de dois anos de manifestações contra o governo que resultaram na queda de seu antecessor Hailemariam Desalegn, Abiy tem impulsionado grandes mudanças no país, libertando vários opositores presos e iniciando um processo de liberalização econômica.

Este comício começou de forma tranquila. Os espectadores acenavam bandeiras da Frente de Libertação Oromo (OLF), um grupo armado rebelde, e uma versão antiga da bandeira etíope, símbolo dos protestos contra o governo.

A polícia, que no passado prendia qualquer um que estivesse em posse dessas bandeiras, não interferiu desta vez.

Em seu discurso, Abiy, vestindo uma camiseta verde e chapéu, expressou sua gratidão à multidão e elogiou as virtudes do amor, da harmonia e do patriotismo. "A Etiópia voltará ao topo e as fundações serão o amor, a unidade e a união", declarou ele.

Após a explosão, dezenas de pessoas subiram ao palco e começaram a jogar vários objetos contra a polícia, gritando "Abaixo Woyane" ou "Woyane ladrão", referindo-se ao apelido pejorativo usado para descrever o governo, segundo o jornalista da AFP no local.

Alguns espectadores iniciaram brigas e pedras foram jogadas contra os jornalistas, que tiveram que se abrigar. As forças de segurança preferiram não intervir, abstendo-se de conter as pessoas no local.

Após estes incidentes, a calma parecia voltar aos poucos, mas dezenas de milhares de pessoas continuavam a cantar e expressar seu descontentamento com as autoridades, enquanto os organizadores do encontro tentavam recuperar o controle da situação.

cs-cyb/jhd/mr