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Giuseppe Conte, um jurista discreto que abriu mão de ser premiê da Itália

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O professor Giuseppe Conte, que neste domingo (27) renunciou a chefiar o governo de coalizão entre os antissistema e a extrema-direita na Itália, é um advogado e professor de direito sem experiência na política e desconhecido da opinião pública italiana.

Conte havia sido apresentado na segunda-feira como candidato a primeiro-ministro, depois que o líder do partido antissistema Movimento 5 Estrelas, Luigi Di Maio, e o da extrema-direita Liga, Matteo Salvini, decidiram mutuamente excluir suas próprias candidaturas para apresentar uma pessoa que garantisse "o equilíbrio" entre as duas forças.

"Estou muito orgulhoso desse nome porque representa uma síntese entre a Liga e o M5S", afirmou Di Maio.

Até a quarta-feira, a única aparição pública em contexto político deste discreto acadêmico havia sido antes das eleições de 4 de março, quando o M5S o apresentou como possível ministro da Administração Pública.

"É um especialista absoluto da simplificação, da 'desburocratização', da racionalização da máquina administrativa que tantas empresas nos pedem", afirmou Salvini.

Aos 53 anos, Conte, nascido em 1964 em Volturara Appula, um pequeno povoado de apenas 500 habitantes de Apulia, no sul da Itália, estudou direito em Roma, onde fez mestrado em 1988.

Foi o primeiro chefe de governo originário do sul da Itália em quase 30 anos. "É alguém que vem da periferia deste país (...), que se fez sozinho, um obstinado", disse Di maio.

O currículo de Conte inclui formações de "aperfeiçoamento" nas universidades mais prestigiosas do mundo: as americanas Yale e New York University, a Sorbonne de Paris, Cambridge no Reino Unido...

Estas linhas causaram polêmica, pois várias destas instituições, consultadas pela AFP, explicaram que não tinham registro disso. Suas permanências estavam, sobretudo, relacionadas com atividades de pesquisas pessoais nas bibliotecas destes centros de ensino.

Professor das universidades da Sardenha, Roma, Florença e Malta, Conte foi até pouco tempo professor de direito privado em Florença, mantendo suas atividades em um escritório de advocacia na capital italiana.

- Opção possível -

Conte também foi membro do Conselho de Administração da Agência Espacial Italiana, assessor jurídico da Câmara de Comércio de Roma e membro do conselho de vigilância de várias companhias de seguro na bancarrota.

Separado, tem um filho de dez anos, com quem compartilha a paixão pelo futebol.

Durante grande parte da vida, votou na esquerda. Mas, "penso que os esquemas ideológicos do século XX não são adequados", teria dito, segundo citações da imprensa.

Diante das dificuldades em encontrar um peso-pesado para comandar o governo, o M5E e a Liga elegeram este especialista sem experiência política.

"Estava na minha equipe, 11 milhões de italianos votaram nela", disse Di Maio. "Todos os primeiros-ministros são políticos", emendou Salvini.